Trump lança mísseis na Síria
Apoiada por Reino Unido e França, ofensiva foi retaliação a ataque químico contra civis Coalizão atinge laboratório de pesquisa e depósitos de armas químicas, dizem EUA Ação traz risco de confronto direto entre americanos e russos, que prometem reagir
Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram ataques contra instalações do regime de Bashar Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas ocorrido nas imediações de Damasco há sete dias. Os alvos, segundo o governo americano, foram um laboratório de pesquisa em Damasco e dois depósitos de armas químicas nos arredores de Homs. A ofensiva, com mísseis Tomahawk, traz o risco de confronto direto entre americanos e forças de Rússia e Irã, que apoiam o regime sírio na guerra civil. Em pronunciamento à nação, Donald Trump afirmou que os EUA e seus aliados estão preparados para uma resposta “contínua”. O presidente afirmou ainda que os “ataques precisos” eram “resultado direto” da incapacidade da Rússia de impedir que Assad continuasse a usar armas químicas. O embaixador da Rússia nos EUA, Anatoli Antonov, disse que os americanos não tinham o direito de culpar outros países e que era “inaceitável” insultar o presidente Vladimir Putin. “Estas ações não ficarão sem consequências”, afirmou.
Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram ontem ataques contra instalações do regime de Bashar Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas ocorrido nas imediações de Damasco há sete dias. A ofensiva traz o risco de confronto direto entre americanos e forças da Rússia e do Irã, que apoiam o regime sírio na guerra civil que já deixou pelo menos 400 mil mortos desde o seu início, em 2011.
Em pronunciamento à nação, Trump afirmou que os bombardeios estavam em andamento. Segundo ele, os EUA e seus aliados estão preparados para uma resposta “contínua” até que o regime da Síria interrompa o uso de armas químicas. O presidente disse ainda que os “ataques precisos” eram “resultado direto” da incapacidade da Rússia de impedir que Assad continuasse a usar armas químicas contra a população de seu país.
O governo russo respondeu. O embaixador da Rússia nos EUA, Anatoli Antonov, disse que os americanos não tinham o direito de culpar outros países, que era “inaceitável” insultar o presidente Vladimir Putin. “Estas ações não ficarão sem consequências”, afirmou Antonov.
Em 2013, durante o governo Barack Obama, os EUA recuaram da intenção de retaliar depois de Moscou assumir o compromisso de retirar da Síria todos os tipos de armas químicas. Na época, um ataque com gás deixou cerca de 1.400 pessoas mortas em Ghouta, o mesmo subúrbio de Damasco em que pelo menos 49 sírios morreram na semana passada.
O bombardeio ocorreu ao fim de uma semana em que Trump enviou sinais contraditórios em relação à possível ofensiva militar. No domingo, um dia depois do ataque com armas químicas, o presidente americano disse que os responsáveis pagariam um “alto preço”. Em seu primeiro ataque explícito a Putin, Trump escreveu no Twitter: “Presidente Putin, Rússia e Irã são responsáveis por apoiar o animal Assad”.
Mísseis. Ontem, Trump voltou a se dirigir aos governos dos dois países. “Para o Irã e a Rússia, eu pergunto: que tipo de nação quer ser associada com o assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?” Em nota, a Casa Branca acusou Moscou de maneira direta pelos ataques. “Em razão de sua inabilidade – ou recusa – de conter os crimes de Assad, a Rússia deve assumir a responsabilidade por seu comportamento.”
Segundo a Associated Press, Damasco foi atingida por fortes explosões depois do pronunciamento de Trump. De acordo com fontes militares, navios estacionados no Mediterrâneo e jatos foram usados nos ataques à Síria. A TV estatal síria disse que as forças de Assad estavam respondendo à “agressão dos americanos, britânicos e franceses”.
Logo após o pronunciamento de Trump, o secretário de Defesa, James Mattis, deu uma coletiva no Pentágono em que afirmou que “apenas alvos ligados ao arsenal químico da Síria” estavam sendo atacados.
O general Joseph Dunford, que acompanhou Mattis, listou três alvos americanos: um laboratório de pesquisa em Damasco e dois depósitos de armas químicas nos arredores da cidade de Homs. “Os alvos foram escolhidos em razão da importância para o programa de armas químicas da Síria e com a intenção de minimizar o máximo
possível a morte de civis”, declarou Dunford.
Poucos dias antes da ofensiva, Trump havia anunciado sua intenção de retirar os cerca de 2 mil soldados americanos que lutam contra o Estado Islâmico na Síria. A ofensiva de Assad o forçou a mudar sua posição e a grande questão agora é se os EUA se limitarão a uma retaliação pontual ou se ampliarão seu engajamento na Síria.
Há um ano, Trump ordenou bombardeios contra uma base das forças de Assad em retaliação a outro ataque químico ocorrido nas imediações de Damasco. A ofensiva foi uma ação isolada, sem uma estratégia ampla dos EUA para a Síria. Logo depois, Assad retomou os ataques com armas químicas contra a população do país.
A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, disse ontem, em reunião no Conselho de Segurança, que pelo menos 50 ataques com armas químicas foram ordenados por Assad nos últimos sete anos. ONGs que atuam no país sustentam que ocorreram cerca de 200 casos.
Escalada. A ofensiva dos EUA e de seus aliados europeus trazem o risco de escalada do conflito na Síria, em razão do risco de choques diretos entre forças americanas, russas e iranianas. Moscou e Teerã são os principais aliados externos de Assad e o sustentam com apoio militar dentro da Síria. Os russos prometeram derrubar mísseis disparados pelos EUA, o que colocaria o confronto em terreno ainda desconhecido.