Grupo de Lima contesta eleição venezuelana
Países dizem que disputa presidencial ‘carecerá de legitimidade’ se não permitir participação justa de opositores
Estados Unidos e os países do Grupo de Lima – que atua desde o ano passado para buscar uma solução à crise humanitária na Venezuela – advertiram ontem o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que a eleição presidencial marcada para 20 de maio não terá legitimidade se a oposição não puder participar em condições justas, segundo declaração emitida ao fim da Cúpula das Américas.
Os 16 países assinaram manifesto exigindo “eleições presidenciais com garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e democrático, sem presos políticos, que inclua a participação de todos os atores políticos venezuelanos”. Para eles, uma votação que não cumpra com essas condições “carecerá de legitimidade e credibilidade”.
Sobre a questão venezuelana, o vice-presidente americano, Mike Pence, que assistiu à cúpula no lugar do presidente Donald Trump, disse que Washington promove “mais sanções” para isolar Maduro e anunciou uma ajuda adicional de US$ 16 milhões para os refugiados venezuelanos. “Buscamos sanções adicionais, mais isolamento e mais pressão diplomática, começando por nosso hemisfério, mas também por todo o mundo,
“Não é por causa da democracia, mas sim graças a ela que o problema (da corrupção) se ventila com maior franqueza” Luis Almagro SECRETÁRIO-GERAL DA OEA
para reconhecer que a Venezuela é uma ditadura”, disse Pence.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse que seu país não vai reconhecer qualquer resultado das próximas eleições da Venezuela e afirmou que a crise humanitária no país sul-americano “é o caso extremo de sociedade com corrupção descontrolada”.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, declarou que “não há dúvida de que na Venezuela não existe democracia, não existe o estado de direito, não há respeito aos direitos humanos ou estão organizando eleições limpas”.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, também disse que não reconhecerá o resultado das próximas eleições no país. O presidente brasileiro, Michel Temer, criticou Maduro, mas não antecipou posição sobre o tema.
Outros temas. Além da crise na Venezuela, a luta contra a corrupção e o ataque liderado pelos Estados Unidos à Síria, dominaram o encontro encerrado ontem no Peru.
Ao inaugurar a cúpula, no Grande Teatro Nacional de Lima, o presidente peruano fez um discurso contra a corrupção. “Sete a cada dez habitantes do hemisfério têm pouca ou nenhuma confiança em seus governos. Mais da metade dos cidadãos avalia como ruim o desempenho de suas autoridades na luta contra a corrupção”, declarou Vizcarra. Ele assumiu o poder no mês passado, depois que acusações de corrupção derrubaram Pedro Pablo Kuczynski.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que “a corrupção é uma doença hereditária, autoimune”, mas não é um mal da democracia. “Não é por causa da democracia, mas sim graças a ela que o problema (da corrupção) se ventila com maior franqueza.”