O Estado de S. Paulo

Com crédito escasso, ‘populares’ perdem espaço

Participaç­ão nas vendas da categoria de carros mais baratos caiu de 44,3% em 2003 para 16% neste ano

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O sucesso dos utilitário­s-esportivos no mercado brasileiro, na visão de analistas, é explicada, em parte, pelo interesse maior dos consumidor­es por tecnologia, conectivid­ade e segurança embarcada nos veículos.

Tudo isso unido ao que pode-se chamar de nova onda no setor, já que os SUVs têm atraído jovens, famílias e executivos, em detrimento de modelos tradiciona­is tipo hatch e sedã, que também incorporam as novidades tecnológic­as.

Embora estejam, de certa forma, à parte dessa disputa, o segmento de carros “de entrada” – como são chamados atualmente os antigos “populares” –, também estão perdendo participaç­ão no mercado nacional.

Dados da Federação Nacional dos Revendedor­es de Veículos Automotore­s (Fenabrave) mostram seguida perda de representa­tividade dos modelos mais baratos nas vendas totais de automóveis e comerciais leves. Em 2003, eles representa­vam 44,3% do mercado, com 595,7 mil unidades vendidas. No ano passado respondera­m por 17,3% dos negócios, com 375,7 mil unidades e, neste primeiro trimestre, por apenas 16%, com 84,6 mil unidades.

“Mesmo os carros populares hoje já têm uma certa tecnologia consideráv­el comparada com o passado mas, de fato, estão Categoria de carros de entrada, como Mobi, Etios e up!, não tem novidades previstas perdendo terreno”, diz Rafael Abe, diretor da consultori­a Jato.

Além da busca por modelos mais equipados, uma das explicaçõe­s é que o consumidor tradiciona­l dos populares depende de crédito barato, e isso desaparece­u do mercado nos últimos anos. Desemprego também inibe as vendas.

Mesmo nos melhores anos de mercado para os carros populares, de 2009 a 2012, quando as vendas anuais passavam de 900 mil unidades, a participaç­ão desse segmento diminuiu de 31,5% para 26,8% no período.

Hoje, os mais vendidos são Ford Ka (24 mil unidades neste ano), Volkswagen Gol (16,2 mil), Renault Kwid (13,6 mil), Fiat Mobi (12,3 mil) e Toyota Etios. Os preços variam de R$ 31 mil a R$ 44 mil,

A oferta de produtos dessa categoria também vem caindo. Neste ano, por exemplo, não há nenhum lançamento previsto.

O presidente da Volkswagen América do Sul e Brasil, Pablo Di Si, afirma que é difícil, atualmente, desenvolve­r um carro na faixa de R$ 30 mil. “Não vamos sacrificar tecnologia e segurança para poder estar nesse segmento.” /

Pouca oferta.

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Rafael Arbex / ESTADÃ O-17 /8/2017 Poucas opções.

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