O Estado de S. Paulo

Secretário e cúpula do Metrô viram réus por improbidad­e

Transporte. Ao todo 9 pessoas, incluindo o atual presidente e 4 ex-chefes da companhia, vão responder por supostos prejuízos causados aos cofres públicos pela compra de 26 trens, em 2011, para a Linha 5; composiçõe­s ficaram ao menos dois anos paradas

- Luiz Vassallo Bruno Ribeiro

O secretário de Transporte­s Metropolit­anos, Clodoaldo Pelissioni, e o presidente do Metrô, Paulo Menezes Figueiredo, além de outros sete ex-executivos da companhia, se tornaram réus por improbidad­e administra­tiva. Eles são citados em ação que investiga prejuízos causados aos cofres públicos com compra de 26 trens para a Linha 5-Lilás, por R$ 615 milhões, que ficaram parados por dois anos. O ramal ainda está em obras.

O juiz Adriano Marcos Laroca, da 12.ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, aceitou ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE) por improbidad­e administra­tiva e tornou réus o secretário de Transporte­s Metropolit­anos de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, o presidente da Companhia do Metropolit­ano ( Metrô), Paulo Menezes Figueiredo, e outros sete agentes do primeiro escalão do transporte público do Estado durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Eles são citados em ação que apura os prejuízos causados aos cofres públicos pela compra de 26 trens, em 2011, para a Linha 5-Lilás do Metrô, ao custo de R$ 615 milhões, que ficaram ao menos dois anos parados porque a linha não estava pronta. O ramal ainda está em obras e parte das composiçõe­s opera em fase de testes. Os citados afirmam ser inocentes e o Metrô nega qualquer prejuízo.

Autor da ação, o promotor público Marcelo Milane afirmou ao Estado que “é um escândalo que não se faça nada e se deixe os trens parados”. “A consequênc­ia é agora, porque o governo faz propaganda e diz que a obra está pronta, mas não está.”

Além de Figueiredo e Pelissioni, vão responder também pela ação o Metrô; o atual chefe de gabinete da Prefeitura de São Paulo, Sérgio Avelleda; os expresiden­tes do Metrô Peter Walker, Luiz Antônio Pacheco e Jorge Fagali; o ex-secretário de Transporte­s Jurandir Fernandes; e os ex-executivos da companhia David Turubuk e Laércio Biazzotti, que também assinaram os contratos de compra, feitos com a empresa espanhola CAF. A fornecedor­a de trens não é citada na ação.

Parados nos pátios da zona sul da cidade, dois dos trens chegaram a ser pichados em 2016, conforme o Estado noticiou na época. Além disso, a ação afirma que o “dano ao erário pode ser perfeitame­nte demonstrad­o, eis que as composiçõe­s compradas em julho de 2011 foram todas entregues e não podem ser realizados os testes dinâmicos, obrigatóri­os, bem como não podem entrar em funcioname­nto e ainda estão perdendo toda a garantia do fabricante, o que exigirá nova contrataçã­o para manutenção”. Haveria, ainda diferença de tamanho entre as bitolas – o eixo que sustenta as rodas dos trens – e os trilhos instalados na linha.

Histórico. As obras da Linha 5 começaram em 1998, inicialmen­te como um ramal da Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos (CPTM). O Metrô assumiu a obra em 2001 e concluiu o primeiro trecho, entre Capão Redondo e Largo Treze, em 2002. A segunda etapa começou em 2010, mas acabou paralisada, por suspeitas de ação de cartel nas obras. As escavações foram retomadas em 2013 e a previsão é que a linha só esteja completa no fim deste ano.

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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Linha 5. Trens em pátio no Capão Redondo: Justiça pede ressarcime­nto por desvaloriz­ação das composiçõe­s
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RAFAEL ARBEX / ESTADÃO Pátio. Compra de R$ 615 mi teria dado prejuízo; companhia nega

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