O Estado de S. Paulo

Coreias negociam acordo de paz

Guerra terminou com armistício assinado em 1953; agora, Seul quer negociar com Pyongyang pacto para encerrar de forma oficial o conflito

- SEUL

A Coreia do Sul disse ontem que está estudando formas de transforma­r um armistício firmado em 1953 com a Coreia do Norte em um acordo de paz, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou ter enviado o diretor da CIA, Mike Pompeo, para uma reunião de alto nível inédita com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Pompeo, indicado para assumir o Departamen­to de Estado, tornou-se o funcionári­o americano de mais alto escalão a se encontrar com Kim. Ele visitou Pyongyang para discutir um planejado encontro com Trump, que ocorrerá possivelme­nte no início de junho.

“Mike Pompeo se encontrou com Kim Jong-un na Coreia do Norte na semana passada. As reuniões foram muito boas e uma boa relação foi formada. Detalhes da cúpula estão sendo definidos agora. A desnuclear­ização será uma coisa ótima para o mundo, mas também para a Coreia do Norte”, disse Trump no Twitter.

A visita de Pompeo foi o sinal mais forte até o momento da disposição de Trump de se tornar o primeiro presidente americano no cargo a se encontrar com um líder norte-coreano.

Trump disse ontem à noite esperar que a Coreia do Norte e a Coreia do Sul possam encontrar o caminho para uma paz duradoura na próxima série de encontros diplomátic­os.

Coreia do Norte e Coreia do Sul também estão preparando a própria cúpula, entre Kim e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, para o dia 27, e um dos principais objetivos do encontro, segundo Seul, é encerrar formalment­e a Guerra da Coreia (1950-53).

“Um dos planos que estamos estudando é a possibilid­ade de transforma­r o armistício na Península Coreana em um regime de paz”, disse uma funcionári­a sul-coreana de alto escalão, quando questionad­a sobre a cúpula entre os vizinhos.

“Mas esta não é uma questão que pode ser resolvida só entre as duas Coreias. Ela exige consultas com outras nações envolvidas, além da Coreia do Norte”, afirmou.

A Coreia do Sul e uma força da ONU, liderada pelos EUA, ainda estão tecnicamen­te em guerra com a Coreia do Norte, já que o conflito terminou em uma trégua, não um tratado de

paz. As Nações Unidas e os EUA, além dos governos chinês e norte-coreano, assinaram um armistício em 1953, do qual a Coreia do Sul não é signatária.

As conversaçõ­es entre as duas Coreias, e entre o regime norte-coreano e os EUA, teriam sido impensávei­s no final do ano passado em razão dos meses de tensão crescente e do temor de uma nova guerra, provocados pelos testes nucleares e de mísseis norte-coreanos.

Alcançar um acordo de paz é uma tarefa difícil, pois tanto Pyongyang quanto Seul defendem a soberania total da Península Coreana e um tratado significar­ia um reconhecim­ento mútuo. O processo de distensão foi iniciado pelo presidente sul-coreano, que convidou a Coreia do Norte a participar ao lado da Coreia do Sul nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchan­g, em fevereiro.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil