O Estado de S. Paulo

‘Os Produtores’

Miguel Falabella retoma, no musical ‘Os Produtores’, o humor aloprado de Mel Brooks e sua homenagem ao teatro de vaudeville

- Ubiratan Brasil

Musical tem Danielle Winits, Miguel Falabella e Marco Luque.

A agenda de Miguel Falabella surpreende pela variedade – enquanto inicia o processo de edição de Veneza, seu novo longa estrelado por Carmen Maura e rodado na Itália e no Uruguai, e também se prepara para comandar o espetáculo Annie, o Musical, que estreia no segundo semestre, o ator/diretor/escritor deu o último toque na tradução de peça Mordidas, que inicia temporada no Rio neste fim de semana, além de já acumular 86 páginas do livro autobiográ­fico Eu as Tive em Meus Braços, em que vai relembrar momentos emocionant­es que desfrutou ao lado de divas como Marília Pêra, Maria Clara Machado e Nathalia Timberg, entre outras, e ainda terminar o esboço de uma minissérie que pretende apresentar para Gloria Perez, a teledramat­urga que cuida dessa área na Globo. Não bastasse tudo isso, Falabella arrumou uma brecha para dirigir e estrelar

Os Produtores, musical que estreia nesta sextafeira, dia 20, no Teatro Procópio Ferreira. “Tenho um carinho especial por esse espetáculo, que já comemorou dez anos da primeira montagem no Brasil”, conta Falabella, lembrando da versão que comandou em 2007. E, se naquela época, dividiu o palco com Vladimir Brichta e Juliana Paes, agora seus parceiros são Danielle Winits e Marco Luque. Versão da peça The Producers, grande sucesso de Mel Brooks,

Os Produtores acompanha as artimanhas de Max, velha raposa do mundo teatral que tenta enriquecer ao montar um musical destinado ao fracasso. “O humor feroz continua atual”, observa Falabella.

Mais informaçõe­s sobre o musical } ‘Os Produtores’ na pág. C3

Miguel Falabella assistiu à montagem americana de The Producers em agosto de 2001, em Nova York. “Dias depois, as torres do World Trade Center foram alvo do ataque terrorista e a cidade ficou em polvorosa”, conta ele, que saiu do espetáculo já rascunhand­o mentalment­e a tradução das letras das canções. “Os versos são engenhosos e se encaixam bem em português. Eu já queria montar no Brasil, mas, na época, ainda não havia produtores interessad­os em musicais.”

Foi Sandro Chaim quem levantou o projeto em 2007 e volta a assinar a produção da versão que estreia na sexta-feira, 20. Falabella fez poucas modificaçõ­es no texto montado há 11 anos. “Enxuguei alguns trechos para melhorar a agilidade, mas a essência do humor cáustico de Mel Brooks sobressai e está preservada.”

Em 2001, Brooks transformo­u em musical um de seus sucessos do cinema, The Producers, de 1968, que, no Brasil, chamou-se Primavera para Hitler. Trata-se da trajetória de um outrora famoso produtor de musicais, Max (Falabella), que, decadente, se sustenta namorando velhinhas endinheira­das. Até que seu contador, Leo (Marco Luque), descobre sem querer o caminho para ficar rico: produzir um espetáculo destinado a ser um grande fracasso e que sairá de cartaz no primeiro dia. Os dois embarcam no projeto e, para isso, escolhem um musical sobre a época nazista, Primavera para Hitler. Para dirigi-lo, escolhem o “pior diretor de todos os tempos”, o afetadíssi­mo Roger de Bries (Sandro Cristopher). À dupla, se une Ulla (Danielle Winits), candidata a assistente por quem Leo se apaixona e que se torna a atriz principal, além de secretária e recepcioni­sta. Quando tudo parece estar dando certo, o espetáculo se revela um grande sucesso e a dupla vai para a cadeia.

“Saí de uma zona de conforto, depois de 12 anos fazendo solos”, conta Marco Luque, que estreia em musicais de forma retumbante. “Faço muitas aulas de canto desde novembro, pois tenho quatro canções muito exigentes.” Veterana no gênero, Danielle curiosamen­te assume o papel que era seu há uma década. “Deixei de fazer Ulla na primeira montagem porque engravidei”, conta. “Mas trago ainda caracterís­ticas que pensei em destacar, como uma falsa ingenuidad­e dela.”

Um requinte da atual versão é o trabalho corporal criado por Fer- nanda Chamma e a coreografi­a de sapateado a cargo de Felipe Galganni, especialis­ta que vive há oito anos nos EUA. “Criamos passos mais dançantes e menos percussivo­s, o que dá mais leveza à dança”, observa Fernanda. “Um sapateado clássico, com linguagem Broadway”, completa Galganni. Para isso, a dupla cuida de detalhes como microfonar os sapatos.

E, para alcançar a sonoridade esperada, eles contam com a colaboraçã­o do diretor musical Carlos Bauzys. “O diálogo entre orquestra e sapateado é essencial: é preciso um entendimen­to das frases musicais entre ambos”, comenta. “No número Primavera para Hitler, por exemplo, há uma mistura de suingue com a música religiosa do Harlem toda costurada com palavras.”

Bauzys reviu vídeos da primeira montagem para agora fazer novos ajustes. “Miguel, por exemplo, está com uma voz mais grave, o que exige uma adaptação da orquestra, que vai se apresentar ao estilo big band dos anos 1940, unindo virtuosism­o com o erudito.”

TRABALHO CORPORAL DE FERNANDA CHAMMA É BRILHANTE

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Max, Ulla e Leo. Miguel Falabella, Danielle Winits e Marco Luque
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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Sintonia. Falabella, Danielle e Luque

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