O Estado de S. Paulo

José Dirceu vai ao Supremo para evitar prisão.

Ex-ministro pode voltar ao regime fechado caso TRF-4 rejeite último recurso da 2.ª instância; petista já foi condenado a 30 anos de reclusão

- Amada Pupo /BRASÍLIA

O ex-ministro José Dirceu entrou com pedido na Supremo Tribunal Federal para evitar que seja preso após julgamento de seu último recurso no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) – a sessão está marcada para hoje. O requerimen­to foi feito por meio de uma reclamação ao STF, e o relator da ação é o ministro Dias Toffoli.

Dirceu foi condenado pelo juiz Sérgio Moro pelos crimes de corrupção passiva, pertinênci­a a organizaçã­o criminosa e lavagem de dinheiro. A sentença de 20 anos e 10 meses foi ampliada pelo próprio TRF-4 para 30 anos e noves meses de prisão.

O ex-ministro havia sido preso por determinaç­ão do juiz federal em agosto de 2015, mas atualmente aguarda a decisão da segunda instância em liberdade graças a um habeas corpus concedido pelo STF. Ele atualmente mora em Brasília e usa tornozelei­ra eletrônica.

A defesa do ex-ministro da Casa Civil alega que, em maio do ano passado, quando a Corte revogou a sua prisão preventiva e a substituiu por medidas cautelares, fez prevalecer, em seu caso, o princípio da presunção da inocência. De acordo com os advogados de Dirceu, uma decretação de prisão após julgamento no TRF-4 estará desrespeit­ando a decisão da Corte, proferida pela Segunda Turma, que analisou seu habeas corpus.

“Quanto ao mérito, há que se considerar, primeirame­nte, que no julgamento do referido Habeas Corpus nº 137.728, em que paciente o ora reclamante, foram afastados todos os motivos utilizados pelo juízo de origem para justificar a decretação da prisão cautelar de José Dirceu”, argumenta a defesa.

Os advogados dizem que a decretação da prisão de forma “automática e genérica” vai contra a jurisprudê­ncia do STF, que autoriza a execução antecipada da pena, mas não a tornou obrigatóri­a, na visão dos advogados.

“É certo que a decisão dessa C. Segunda Turma fez referência­s à ‘possibilid­ade’ de prisão quando esgotado segundo grau de jurisdição, ou que esta estaria ‘autorizada’ após o julgamento dos recursos no tribunal. Todavia, nem de longe, determinou que a prisão do paciente, ora reclamante, se desse de forma obrigatóri­a, muito menos de forma automática e genérica, sem sequer se dispender uma linha que fosse para justificar a necessidad­e de seu encarceram­ento”, diz a defesa de Dirceu. Os advogados ainda argumentam que, solto, Dirceu não oferece riscos.

Anteontem, em ato com militantes em Brasília, o ex-ministro discursou em “tom de despedida”, diante da possibilid­ade de ser preso novamente. Dirceu voltou a criticar o juiz Sérgio Moro e que a preocupaçã­o do partido é lutar pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-16/4/2018 Recurso. Dirceu aguarda decisão em liberdade

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