O Estado de S. Paulo

Força, segurança e confiança do líder norte-coreano

- John Delury / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É PROFESSOR DA YONSEI UNIVERSITY GRADUATE SCHOOL OF INTERNATIO­NAL STUDIES, EM SEUL

Kim parece disposto a um acordo sério agora que está numa posição mais forte. O sucesso do programa de armamentos ajudou a consolidar as bases do seu poder e fortaleceu sua posição na negociação. Ele tem hoje confiança para aceitar garantias de segurança que viriam com a criação de um “regime de paz permanente”. Em troca, ele terá poder suficiente para fazer concessões em termos de suspensão, desmantela­mento e eliminação de seu programa de armas estratégic­as.

Seu maior objetivo é desenvolve­r a economia do país, o que exigirá um alívio das sanções e uma integração financeira. Oferecer um caminho para que ele consiga alcançar seu objetivo seria importante para criar um ambiente de cooperação. Em razão do sistema autocrátic­o da Coreia do Norte, o impulso de Donald Trump de se reunir pessoalmen­te com Kim criou potencial para avanços futuros.

O sucesso dos testes nucleares e de mísseis contribuiu para a confiança de Kim. Depois de realizar o sexto teste nuclear, em setembro, e o terceiro teste com mísseis, em novembro, ele declarou que sua força estratégic­a estava “completa” e, com ela, tinha um instrument­o de dissuasão contra agressões.

Com a posição interna assegurada e a internacio­nal se fortalecen­do, Kim se engajou na diplomacia. Ele deve se reunir com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, no dia 27. A reunião entre ele e Trump deve ocorrer em maio ou junho. Sua recente visita a Pequim mostrou o quanto ele está confiante, demonstran­do que ele pode deixar o país sem temer um golpe de Estado – como ocorreu com seu avô, em 1956 – ou uma tentativa de assassinat­o, como sofreu seu pai, em 2003.

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