O Estado de S. Paulo

Irã proíbe órgãos estatais de usar o Telegram

- LONDRES / AP e

O Irã proibiu ontem o uso do popular aplicativo de mensagens instantâne­as Telegram por órgãos do governo. De acordo com a mídia iraniana, o gabinete do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, disse que sua conta seria suspensa para “proteger a segurança nacional”.

A agência de notícias Isna não deu uma razão para a proibição do serviço pelo governo, que permite às pessoas enviar mensagens criptograf­adas e tem 40 milhões de usuários no país, segundo estimativa­s. A ordem foi dada dias depois de a Rússia – aliada do Irã na guerra civil da Síria – começar a bloquear o aplicativo em seu território, após a repetida recusa da companhia em dar acesso aos serviços de segurança de mensagens secretas dos usuários.

“O governo do Irã proibiu todos os órgãos do Estado de usar o aplicativo estrangeir­o de mensagens”, afirmou a Isna. Khamenei parou de usar o Telegram ontem “para a proteção dos interesses nacionais e a remoção do monopólio do aplicativo de mensagens Telegram”, informou a mídia estatal.

O líder supremo tem uma forte presença nas mídias sociais, mesmo no Twitter e no Facebook, que também estão bloqueados no Irã. Seu escritório atualiza as contas com fotos e seus últimos discursos.

O Telegram, criado por um empresário russo e classifica­do como o nono aplicativo de mensagens móveis mais popular do mundo, tem sido amplamente utilizado pela mídia, por políticos e por empresas estatais iranianas.

Uma autoridade judicial iraniana disse nesta semana que o Telegram e outros serviços estrangeir­os de mensagens só poderiam operar no Irã se obtivessem permissão do governo e salvassem os dados dos usuários dentro do país.

O Irã havia bloqueado temporaria­mente o serviço em janeiro, enquanto forças de segurança tentavam conter protestos contra o governo em mais de 80 cidades. Muitos iranianos, no entanto, continuara­m acessando o Telegram, usando redes privadas virtuais (VPNs) e outras ferramenta­s para contornar a filtragem do governo. O serviço é bastante utilizado em países do Oriente Médio e da antiga União Soviética.

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