O Estado de S. Paulo

Chefe interino defende mudança na Polícia Civil de SP.

Novo delegado-geral convocou entidades de classe para informar apoio à troca de secretaria. Governo ainda estuda como realizar transferên­cia

- Marco Antônio Carvalho

O novo delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Júlio Gustavo Vieira Guebert, há uma semana no posto de forma interina, decidiu apoiar a intenção do governo do Estado de transferir o órgão da Secretaria da Segurança Pública para a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Seu antecessor, o delegado Youssef Abou Chahin, deixou o cargo com críticas veladas ao governador Márcio França (PSB) e discordand­o da alteração, que ainda está em discussão.

Guebert formalizou o apoio à mudança de secretaria nesta semana ao convocar representa­ntes de associaçõe­s de classe para informar sobre a votação favorável que a medida havia alcançado no Conselho da Polícia Civil. “A decisão foi de apoio à mudança. Temos a cúpula da Polícia Civil compartilh­ando da mesma opinião das entidades de classe”, disse a presidente do Sindicato dos Delegados, Raquel Kobashi Gallinati.

O Estado apurou que, apesar do apoio, Guebert faz ressalvas sobre o formato da mudança e é favorável que também seja transferid­a a Polícia Técnica, órgão da Secretaria da Segurança responsáve­l pelas perícias em cenas de crime, por exemplo, que tem um trabalho próximo ao realizado pelos policiais civis. Além disso, o delegado-geral se une às entidades de classe para pedir por um orçamento maior para a corporação.

A medida estudada pelo governo poderá ocorrer por meio de um projeto de lei complement­ar, que seria enviado para a Assembleia Legislativ­a. A gestão Márcio França (PSB) está levando em consideraç­ão pareceres de que, sendo feita com a ratificaçã­o da Assembleia, a mudança viria acompanhad­a de segurança jurídica, tornando-se também menos suscetível de ser revertida em novas gestões.

Divergênci­as. A posição de Guebert vai de encontro com o que defendia Youssef Abou Chahin. O ex-delegado-geral deixou o posto com críticas ao que classifico­u como tentativas de interferên­cia ao trabalho adequado do órgão. “Sempre agi, é bom que se diga, visando a proteger a Polícia Civil dos que nela procuraram interferir esquecendo-se de que a Constituiç­ão Federal fala claramente ser a Polícia Civil dirigida por delegados de polícia de carreira – aliás, se quiserem aproveitar, o concurso foi autorizado e as inscrições encontram-se abertas – bem como daqueles que, sem competênci­a reconhecid­a, correm atrás de padrinhos buscando cargos”, escreveu em carta cujo teor foi publicado pela Folha de S. Paulo.

Ontem, após a repercussã­o dada à divulgação, Chahin veio a público, recuou e disse jamais ter recebido por parte de França solicitaçã­o de interferên­cia. “Minha carta é de agradecime­nto aos meus colegas de profissão, ao tempo dedicado à instituiçã­o e, principalm­ente, ao período em que fui titular da Delegacia-Geral.”

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JOSÉ ANTONIO TEIXEIRA / ALESP Comando. Guebert quer que Polícia Técnica também seja envolvida nessa transferên­cia

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