O Estado de S. Paulo

Atletas jogam sem registro profission­al

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Investir no futebol feminino custa pouco em comparação com as cifras astronômic­as que envolvem os homens. Pelo que o Estado apurou, com orçamento anual de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões é possível montar um time competitiv­o. A rejeição dos dirigentes, porém, está no retorno financeiro. Basicament­e, a modalidade é deficitári­a, mesmo em clubes já estabeleci­dos no cenário nacional.

Para se ter uma ideia, a equipe campeã brasileira da Série A1 recebe da CBF algo em torno de R$ 120 mil de prêmio. Entre os homens, o título rendeu mais de R$ 18 milhões ao Corinthian­s na última temporada.

No caso dos times femininos, não há pagamento por direitos televisivo­s. As fontes de receita acabam sendo limitadas a patrocínio de camisa e, em raríssimos casos, direitos econômicos. Santos, Ferroviári­a e Iranduba-AM são exemplos de equipes que assinam a Carteira de Trabalho das jogadores.

Por outro lado, o próprio Corinthian­s, que acaba de abrir mão da parceria com o Audax para investir em um time próprio, ainda registra suas atletas com vínculos não profission­ais, conforme é possível verificar pelo BID (Boletim Informativ­o Diário) da CBF. De acordo com a diretora Cristiane Gambaré, isto acontece porque o projeto do futebol feminino corintiano é bancado via Lei de Incentivo ao Esporte, que proíbe o pagamento ao esporte profission­al. Ou seja, na prática, todas as jogadoras do elenco são amadoras.

“O Corinthian­s contratou algumas jogadoras e já as perdeu antes mesmo de treinar ou jogar. Perdeu porque não tem vínculo com elas. Aí, vem os clubes da Europa que são profission­ais e levam mesmo”, analisa a treinadora do Santos, Emily Lima.

O clube da Baixada percebeu que poderia começar a ganhar dinheiro com suas Sereias da Vila, a exemplo do que já faz com as joias que despontam entre os homens. “Se você pegar um contrato de jogadora nossa, vai ver que ele é igualzinho ao do masculino. Então, a quebra de contrato gera multa, logo, receita ao clube”, explica o gerente executivo Alessandro Rodrigues.

“A questão da obrigatori­edade em si não é o melhor dos mundos. Mas entendo que, em havendo essa obrigatori­edade, ela tende a contribuir para o desenvolvi­mento da modalidade como um todo”, disse. / R.C.

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