O Estado de S. Paulo

Commoditie­s puxam alta de 2% na Bolsa

Bolsa de São Paulo fechou acima dos 85 mil pontos; dólar perdeu força frente a moedas emergentes e teve queda de 1% em relação ao real

- /LUCIANA DYNIEWICZ e SIMONE CAVALCANTI

A bolsa brasileira pegou carona, ontem, na forte alta das commoditie­s no mercado internacio­nal e chegou ao patamar dos 86 mil pontos, que não era registrado havia pouco mais de um mês. No fim do dia, porém, perdeu força e o Ibovespa (principal índice da bolsa) acabou encerrando o pregão em 85.776,46 pontos, com alta de 2,01%.

Na esteira do aumento de cerca de 3% no preço do petróleo e de 2% do minério de ferro, as ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobrás e da Vale subiram, respectiva­mente, 3,26% e 3,37%. A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, também impulsiono­u o Ibovespa ao registrar uma alta de 9,51%, após as notícias de que o governo brasileiro retirou o autoembarg­o das exportaçõe­s de frango da companhia à União Europeia e que o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, poderá assumir o comando do conselho da empresa (leia mais na página B15).

Para o sócio e estrategis­tachefe da XP Investimen­tos, Celson Plácido, o resultado de ontem da Bolsa indica que os investidor­es voltaram a ignorar o cenário político brasileiro: “O mundo ainda está em um cenário positivo, com inflação e juros baixos, por mais que, localmente, as pesquisas de intenção de voto indiquem que os candidatos populistas, e não os reformista­s estão à frente na corrida eleitoral. O mercado esqueceu um pouco disso.”.

Plácido acrescento­u ainda que a bolsa brasileira começa a acompanhar o ritmo das internacio­nais, que passaram a se recuperar após registrare­m um período mais fraco em decorrênci­a das medidas protecioni­stas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Neste mês, a situação (dos índices do mercado financeiro internacio­nal) já melhorou bastante lá fora. Aqui isso ainda não havia ocorrido.”

O noticiário local de ontem também foi visto como um fator positivo. No plano político-jurídico, o Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4) rejeitou o último recurso a que tinha direito a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda instância. Por unanimidad­e, os desembarga­dores optaram por não conhecer os embargos dos embargos de declaração. Agora, resta aos advogados do ex-presidente apelarem ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Também o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, disse que, na sua avaliação, o Partido Ecológico Nacional (PEN) pode desistir do pedido de medida cautelar para barrar a possibilid­ade de prisão após condenação em segunda instância.

Moedas. No mercado internacio­nal, o avanço do petróleo – embalado pela queda acima do previsto dos estoques semanais dos EUA– também contribuiu para enfraquece­r o dólar frente a moedas emergentes. Além disso, na reta final do pregão, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante discurso em reunião no FMI, lembrou que o regime de câmbio flutuante não evita que o BC use instrument­os para conter a volatilida­de excessiva. Ante o real, a moeda americana recuou quase 1%, terminando na casa dos R$ 3,38.

“O mundo ainda está em um cenário positivo; por mais que as pesquisas indiquem candidatos populistas à frente.” Celson Plácido SÓCIO DA XP INVESTIMEN­TOS

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