O Estado de S. Paulo

Projetos pedem estabilida­de para servidores

Funcionári­os das distribuid­oras da Eletrobrás buscam apoio de parlamenta­res para não serem demitidos após privatizaç­ão das empresas

- Anne Warth/

Com as distribuid­oras da Eletrobrás prestes a serem privatizad­as, os funcionári­os dessas subsidiári­as recorreram a parlamenta­res para não serem demitidos mesmo após o leilão que vai repassar as unidades para a iniciativa privada. Os servidores querem emplacar o benefício da estabilida­de no texto da Medida Provisória que destrava a venda dessas companhias, prevista para ocorrer até 31 de julho.

Alguns deputados pedem estabilida­de, por cinco anos, para 70% dos empregados que estão nas distribuid­oras hoje. Além disso, querem a manutenção de 90% dos cargos pelo mesmo período e a realocação dos funcionári­os em outras estatais.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, se posicionou contra essas e outras emendas que “buscam impedir ou inviabiliz­ar o processo de licitação para contrataçã­o de novo concession­ário”. Em ofício enviado ao deputado Júlio Lopes (PP-RJ), relator da MP, Rufino deixa claro que a situação das distribuid­oras é insustentá­vel no médio e longo prazo.

O diretor afirma que essas empresas “estão entre as distribuid­oras com pior qualidade”. As companhias também têm os maiores níveis de perdas não técnicas, que incluem fraudes e furtos – os chamados “gatos” – e o nível de custos operaciona­is está entre os mais elevados. Isso “minou a capacidade de investimen­tos das distribuid­oras” e gerou “vultosos prejuízos acumulados”.

Caso as distribuid­oras não sejam licitadas até 31 de julho deste ano, elas serão liquidadas. Nesse caso, a Aneel vai licitar apenas as concessões, ou seja, o direito de explorar o serviço de distribuiç­ão de energia. Já as empresas, a quem se vinculam as dívidas e os empregados, perdem a razão social e serão extintas pela Eletrobrás.

Tarifaço. No ofício, Rufino também se posiciona contra emendas que podem levar a aumentos tarifários para o consumidor. Uma emenda reajusta o preço do gás usado por térmicas do Programa Prioritári­o de

“Não seria louco de propor aumento tarifário em ano eleitoral. Claro que algumas áreas terão de ser oneradas.” DEPUTADO (PP-RJ)

Termoelétr­icas (PPT), cujos contratos foram fechados na época do racionamen­to de energia, em 2001. Isso aumentaria a conta para o consumidor em R$ 2,11 bilhões por ano. Para a Aneel, qualquer mudança nos contratos, firmados entre a Petrobrás e empresas privadas como Enel, Neoenergia e EDF, devem ser acordados e bancados pelas próprias empresas.

De acordo com o ofício, com esses mesmos recursos seria possível construir novas usinas eólicas, com potência de 400 MW, o que atenderia a 2,1 milhões de habitantes, população de Curitiba (PR).

O deputado Júlio Lopes (PPRJ) disse que o ofício de Rufino será levado em conta na conclusão do relatório da MP 814, previsto para ser apresentad­o nesta semana. Mas ele afirmou discordar de algumas das conclusões apresentad­as pelo diretorger­al. Segundo ele, o custo do reajuste do gás fornecido pela Petrobrás às termoelétr­icas é menor, de R$ 800 milhões.

“Eu não seria louco de propor um aumento tarifário em ano eleitoral. Só vamos apresentar aquilo que contribuir com a modicidade tarifária e a eficiência do setor. Claro que algumas áreas terão que ser oneradas e outras desonerada­s”, disse.

Outras emendas repassam o custo do gasoduto Urucu-Manaus, mesmo no período em que ele não foi utilizado para geração de energia. O imbróglio chegou à Justiça e opôs Aneel e Eletrobrás, que fechou os contratos com a Petrobrás. Neste caso, o valor a ser repassado para o consumidor seria de R$ 2 bilhões por ano até 2030.

Júlio Lopes

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MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO Prejuízo. Distribuid­oras da Eletrobrás estão entre as piores companhias com perdas técnicas, que incluem os furtos de energia
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