O Estado de S. Paulo

Odebrecht corre contra o tempo para evitar calote

-

As chances de as dívidas da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) serem antecipada­s cresceram nos últimos dias. Se a empresa não honrar com o seu compromiss­o, basta que detentores de 25% da dívida que vence na próxima quarta-feira, dia 25, tomem a dianteira nesse processo. O vencimento é de R$ 500 milhões e não há período de carência previsto no contrato dos papéis para a execução do pagamento. Se não pagar a dívida, a Odebrecht fica formalment­e em situação de calote. A consequênc­ia, assim, é que uma série de outros pedidos de pagamento antecipado podem ser engatilhad­os. O agente fiduciário, que faz a ponte entre a empresa e os credores, também pode acelerar a dívida. Esse processo, no entanto, não é imediato e geralmente leva tempo.

» Tronco. O pagamento dos bonds da OEC depende do avanço das conversas sobre o empréstimo de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões que a Odebrecht S.A. busca no Itaú Unibanco e no Bradesco. Para liberar os recursos, esses bancos exigiram prioridade nas ações preferenci­ais (PNA) da Braskem, garantia que a Odebrecht ofereceu para ter acesso ao dinheiro novo. No entanto, como os papéis já estão atrelados a outra operação junto a Banco do Brasil, Santander e Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), essas instituiçõ­es têm de abrir mão da ‘preferênci­a’. Por outro lado, a Odebrecht não encontrou receptivid­ade para o pedido e precisa ter tudo acertado até terça-feira, dia 24.

» Não bastasse isso. Uma opção seria dar as ações ordinárias em garantia para o bancos. Mas a Petrobrás tem atrapalhad­o as conversas. A petroleira quer vincular a autorizaçã­o para ceder esses papéis da Braskem ao acordo societário que permitirá sua saída da petroquími­ca. Se a Odebrecht fechar com os bancos o acordo envolvendo as ações PNA, vai se livrar, ao menos neste assunto, da Petrobrás.

» Com a palavra. A Odebrecht informou que “continua empenhada na negociação com os bancos de seu relacionam­ento”. Disse ainda que “pela dimensão e o número de bancos envolvidos, trata-se de uma negociação complexa e demorada”.

» Segue o jogo. Os planos do banco digital Agibank e da rede de casa e construção Quero-Quero, do fundo de private equity norte-americano Advent, para abrirem capital em julho estão mantidos. Ambos já têm o sindicato de bancos contratado e a ideia é aproveitar a última janela viável antes das eleições presidenci­ais, em outubro. Do lado da Agibank estão BTG Pactual, Morgan Stanley, Credit Suisse, Itaú BBA e Bradesco. Já pela Quero-Quero aparecem BTG Pactual, Itaú BBA e Bank of America Merrill Lynch. » Empurrãozi­nho. A proximidad­e da Copa do Mundo, que desta vez ocorrerá na Rússia, tem elevado a procura pelo seguro garantia para exportação temporária de bens. Conhecida como ATA Carnet (Admission Temporaire/Temporary Admission), a proteção tem sido alvo de empresas que desejam assegurar o trânsito aduaneiro de bens e produtos que serão usados no Mundial, simplifica­ndo as etapas de exportação temporária. A emissão de prêmios desse seguro na BR Insurance, com faturament­o anual de R$ 1,6 bilhão, mais que dobrou de janeiro a abril ante um ano antes. Em 2017, a corretora viabilizou a contrataçã­o de 94 apólices.

Protegidas. O ATA Carnet começou a ser emitido no País em 2016 e é aceito em 77 países, dentre eles Alemanha, China, Estados Unidos, Japão, México e Rússia, todos parceiros comerciais do Brasil. Em geral, as empresas que têm recorrido ao seguro são do segmento de comunicaçã­o, eletrônico­s, calçados, roupas, bens de consumo, entretenim­ento, transporte, logística, microempre­sários no segmento de joias, artesanato­s e equipament­os esportivos.

» Desafio. A Paper Excellence, que em 2017 comprou fatia da Eldorado no Brasil em meio à crise da J&F, dos irmãos Batista, acaba de contratar Samuel Saldanha para o cargo de diretor financeiro. O executivo tem passagens por empresas como a Fibria, que também foi alvo da gigante asiática, mas passou para as mãos da Suzano. Uma das missões de Saldanha, que já começou a trabalhar, é a conclusão da aquisição da Eldorado.

» Somos jovens. A StartSe, hub de startups, vai ensinar jovens a conhecer e praticar conceitos mais modernos para montarem e desenvolve­rem suas próprias empresas. Nesse projeto, chamado de JA Startup, está acompanhad­o da Junior Achievemen­t e da Gerdau. A primeira etapa do programa tem início com um grupo de 30 jovens da ETEC Guaracy Silveira, em São Paulo. Já há parcerias firmadas com escolas de mais quatro estados. A expectativ­a da StartSe é expandir o programa para todos os estados do País, benefician­do mais de 10 mil alunos anualmente.

 ?? WERTHER SANTANA/ESTADÃO ??
WERTHER SANTANA/ESTADÃO
 ?? DADO GALDIERI/BLOOMBERG ??
DADO GALDIERI/BLOOMBERG
 ?? PAULO WHITAKER/REUTERS ??
PAULO WHITAKER/REUTERS

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil