Leia o artigo ‘Mercado imobiliário e startups’
O uso crescente de tecnologia aliado ao avanço da economia compartilhada está alterando o comportamento do consumidor do mercado imobiliário. Já temos 3,8 bilhões de pessoas conectadas à internet no mundo, o que equivale a 46% da população mundial.
Esse incremento permite ao consumidor o acesso a todo tipo de informação de qualquer lugar, alterando sua relação com os espaços em que vive. Além disso, é possível, por meio da tecnologia e do compartilhamento, usar, emprestar e dividir todo tipo de ativo, somente acessível anteriormente por meio da propriedade. Daí, a importância de as empresas tradicionais de se envolverem cada vez mais com tecnologia.
O ambiente de trabalho tinha importância elevada, considerando que era o local em que as informações se tornavam acessíveis aos colaboradores de determinada corporação por meio dos equipamentos ali existentes, e onde também era possível se conectar e trabalhar em conjunto com colegas. Embora o contato humano seja insubstituível e desejável, é mesmo necessário se deslocar a um local por causa de informação, equipamentos e contatos, quando tudo isso está disponível no celular?
O que importa de fato na indústria imobiliária sempre foi e será a forma com que nossos consumidores querem e precisam fazer dos espaços. Os imóveis devem permitir que o consumidor exerça suas atividades – seja morar, trabalhar ou comprar – da forma mais confortável, eficiente, produtiva e agradável possível. Ora, se muda o comportamento do consumidor, muda a forma como ele exerce seu trabalho, alteram os hábitos de compra e as necessidades dentro e fora do lar. Esses espaços também devem evoluir.
Os três “cês” pertinentes a todas as gerações anteriores aos millenials ‘cargo, casa e carro‘ não norteiam os indivíduos nascidos após 1990. Esta geração, que é a primeira nativa digital, que nasceu conectada à internet e com conteúdo de interesse disponível como, quando e onde quiser.
É este consumidor que visitará algumas dezenas de apartamentos decorados daqui a algum tempo até achar aquele que o atenda. Será que ele esperará 30 meses até a entrega da unidade? Talvez não. Pois, essa geração imediatista, quer um produto feito a partir das suas necessidades, e agora.
Diante deste contexto, ou as empresas tradicionais abraçam estes novos conceitos, ou serão atropeladas por aqueles que a enxergam. Existem exemplos de disrupção em nosso mercado: Airbnb e Quinto Andar são apenas dois exemplos de empresas que pensam tecnologia e economia compartilhada. As proptechs (empresas de tecnologia dedicadas ao mercado imobiliário) receberam investimento de US$ 2,67 bilhões em 2016. Em 2011, haviam sido aportadas com apenas US$ 186 mil.
As organizações terão de mudar internamente para atender o desafio: a cultura, o modelo de negócios, a forma de trabalhar. É necessário que elas se apoiem em tecnologias e se aproximem das startups, com o objetivo de produzir insights acerca do seu modelo de negócios. Há muitas ferramentas disponíveis e acessíveis, que, aliadas a experiência e quantidade de informação acumulada nas empresas tradicionais do mercado, têm potencial de produzir produtos incríveis.
É preciso que nosso mercado se prepare e conheça as tecnologias que suportarão as necessidades deste novo consumidor. É nesta esteira que surgiu o Movimente, iniciativa dos Novos Empreendedores do Secovi-SP.
Por meio de uma chamada de startups, pretendemos estabelecer o intercâmbio entre elas e as empresas tradicionais, de forma que novas tecnologias sejam criadas com base em problemas empresariais conhecidos, propondo soluções tecnológicas existentes. Teremos eventos de aproximação entre empresários e startups, bem como rodadas de negócios, a fim de extrair o máximo de cada um para a construção de um mercado imobiliário mais conectado às necessidades do consumidor do futuro.