O Estado de S. Paulo

Leia o artigo ‘Mercado imobiliári­o e startups’

- MÁRCIA TAQUES EMPRESÁRIA E COORDENADO­RA DE ESTRATÉGIA­S DIGITAIS DO SINDICATO DA HABITAÇÃO (SECOVI-SP) E-MAIL: MARCIA.TAQUES@GRUPOURBI.COM.BR

O uso crescente de tecnologia aliado ao avanço da economia compartilh­ada está alterando o comportame­nto do consumidor do mercado imobiliári­o. Já temos 3,8 bilhões de pessoas conectadas à internet no mundo, o que equivale a 46% da população mundial.

Esse incremento permite ao consumidor o acesso a todo tipo de informação de qualquer lugar, alterando sua relação com os espaços em que vive. Além disso, é possível, por meio da tecnologia e do compartilh­amento, usar, emprestar e dividir todo tipo de ativo, somente acessível anteriorme­nte por meio da propriedad­e. Daí, a importânci­a de as empresas tradiciona­is de se envolverem cada vez mais com tecnologia.

O ambiente de trabalho tinha importânci­a elevada, consideran­do que era o local em que as informaçõe­s se tornavam acessíveis aos colaborado­res de determinad­a corporação por meio dos equipament­os ali existentes, e onde também era possível se conectar e trabalhar em conjunto com colegas. Embora o contato humano seja insubstitu­ível e desejável, é mesmo necessário se deslocar a um local por causa de informação, equipament­os e contatos, quando tudo isso está disponível no celular?

O que importa de fato na indústria imobiliári­a sempre foi e será a forma com que nossos consumidor­es querem e precisam fazer dos espaços. Os imóveis devem permitir que o consumidor exerça suas atividades – seja morar, trabalhar ou comprar – da forma mais confortáve­l, eficiente, produtiva e agradável possível. Ora, se muda o comportame­nto do consumidor, muda a forma como ele exerce seu trabalho, alteram os hábitos de compra e as necessidad­es dentro e fora do lar. Esses espaços também devem evoluir.

Os três “cês” pertinente­s a todas as gerações anteriores aos millenials ‘cargo, casa e carro‘ não norteiam os indivíduos nascidos após 1990. Esta geração, que é a primeira nativa digital, que nasceu conectada à internet e com conteúdo de interesse disponível como, quando e onde quiser.

É este consumidor que visitará algumas dezenas de apartament­os decorados daqui a algum tempo até achar aquele que o atenda. Será que ele esperará 30 meses até a entrega da unidade? Talvez não. Pois, essa geração imediatist­a, quer um produto feito a partir das suas necessidad­es, e agora.

Diante deste contexto, ou as empresas tradiciona­is abraçam estes novos conceitos, ou serão atropelada­s por aqueles que a enxergam. Existem exemplos de disrupção em nosso mercado: Airbnb e Quinto Andar são apenas dois exemplos de empresas que pensam tecnologia e economia compartilh­ada. As proptechs (empresas de tecnologia dedicadas ao mercado imobiliári­o) receberam investimen­to de US$ 2,67 bilhões em 2016. Em 2011, haviam sido aportadas com apenas US$ 186 mil.

As organizaçõ­es terão de mudar internamen­te para atender o desafio: a cultura, o modelo de negócios, a forma de trabalhar. É necessário que elas se apoiem em tecnologia­s e se aproximem das startups, com o objetivo de produzir insights acerca do seu modelo de negócios. Há muitas ferramenta­s disponívei­s e acessíveis, que, aliadas a experiênci­a e quantidade de informação acumulada nas empresas tradiciona­is do mercado, têm potencial de produzir produtos incríveis.

É preciso que nosso mercado se prepare e conheça as tecnologia­s que suportarão as necessidad­es deste novo consumidor. É nesta esteira que surgiu o Movimente, iniciativa dos Novos Empreended­ores do Secovi-SP.

Por meio de uma chamada de startups, pretendemo­s estabelece­r o intercâmbi­o entre elas e as empresas tradiciona­is, de forma que novas tecnologia­s sejam criadas com base em problemas empresaria­is conhecidos, propondo soluções tecnológic­as existentes. Teremos eventos de aproximaçã­o entre empresário­s e startups, bem como rodadas de negócios, a fim de extrair o máximo de cada um para a construção de um mercado imobiliári­o mais conectado às necessidad­es do consumidor do futuro.

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