Inteligência artificial para crescer
Pequenos negócios que vendem soluções baseadas nessa tecnologia ganham mercado
Startups ganham espaço
vendendo soluções de IA, como a Tbit, de Igor Chalfoun (foto), que aplica esse conhecimento em equipamentos classificadores de sementes e grãos
O Brasil está perdendo posição para países da América Latina no uso de novas tecnologias. A informação consta de relatório que será divulgado nesta semana pela Gartner, empresa global especializada em pesquisas na área de tecnologia da informação. “Os cortes de orçamentos feitos pelas empresas a partir 2015 estão impedindo o avanço tecnológico no País”, diz o vice-presidente de pesquisa da companhia, Cassio Dreyfuss.
“Após muitos anos acompanhando a evolução do País sou obrigado a dizer que México, Colômbia, Peru e Argentina estão à frente do Brasil em termos de liderança no uso de tecnologia. Eles usam mais inteligência artificial (IA) e analítica avançada, entre outras novas tecnologias, que o Brasil”, afirma.
Dreyfuss diz que o relatório serve de alerta para que as empresas invistam em tecnologia. “Esse cenário ainda não é um desastre, porque a diferença não é tão grande, mas é limitador. Líderes de empresas devem construir programa de avanço tecnológico, mesmo que limitado por conta do baixo orçamento, para que tenham alguma iniciativa de avanço.”
A boa notícia, segundo ele, é que esse cenário beneficia pequenas empresas e startups, que usando inteligência, criatividade e percepção de negócios estão criando soluções pontuais de grande atratividade. “Vemos grandes empresas indo atrás dessas soluções específicas”, diz.
Ele lembra que as grandes organizações não têm agilidade, flexibilidade e, muitas vezes, nem conhecimento específico para criar solução inovadora. “Não é por outra razão que grandes bancos e empresas de seguros estão criando suas próprias incubadoras de startups, porque não conseguem fazer o que as startups conseguem.”
Explorando essa brecha está a Tbit Tecnologia, de Igor Chalfoun, que aplica inteligência artificial em equipamento que classifica sementes e grãos.
“Antes, a classificação era feita por pessoas e era um ponto de geração de desconfiança por parte dos produtores. Com o sistema automatizado levamos transparência para esses processos comerciais.”
De acordo com ele, o sistema também acelera o processo, ajuda a padronizar a classificação em todo o Brasil e valoriza os produtos.
A empresa está no mercado desde 2012. “Nesse período, construímos um posicionamento muito bom que trazemos como herança. Já temos nove produtos no mercado e atendemos várias grandes empresas e multinacionais que atuam no Brasil.”
Chalfoun conta que o próximo passo da Tbit é expandir a solução para classificar verduras, frutas e legumes. “Nossa expectativa é de que, em um futuro próximo, todas as transações que envolvam commodities agrícolas possam ter uma inspeção de qualidade. Lembrando que o equipamento não aceita propina, não briga com a mulher e não fica de mal humor.”
O empresário conta que está desenvolvendo novas soluções para atender pequenos produtores. “Aos poucos, estamos expandindo nossa atuação. Queremos direcionar nossos produtos para um público maior, por ser muito mais estratégico.”
Unindo inteligência humana e artificial a Nama, de Rodrigo Scotti, chegou ao mercado para resolver comunicações complexas. “Criamos uma plataforma de chatbots (programa que simula um ser humano na comunicação com pessoas via chat, Messenger e MSN) que é capaz de automatizar em até 90% o processo de atendimento ao público, gerando economia de 70% a 90% nesse setor”, afirma.
Ele destaca que a ferramenta usa linguagem natural por meio da tecnologia machine learning que, basicamente, permite aprender com os padrões e com o que as pessoas vão ‘falando’ (escrevendo). “Automatizamos mensagem de chat entre consumidores e empresas que querem manter atendimento rápido e escalável, proporcionando melhor experiência para os consumidores.”
O empresário diz que a tecnologia da Nama é ideal para negócios que têm grande tráfego de atendimento ao público, como empresas de Telecom ou órgãos governamentais, como o Poupatempo.
“Criamos o Poupinha, robô que desde o início de 2017 conversa com o público que acessa o portal do Poupatempo. Até o momento, ele já trocou mais de 100 milhões de mensagens. Esse é um caso muito legal e que comprova que a população consegue usar esse tipo de tecnologia sem problemas”, ressalta.
Scotti diz que o equipamento pode ser calibrado para realizar agendamentos, tirar dúvidas, receber reclamações etc. “O Poupinha é capaz de realizar 70 atendimentos ao mesmo tempo. Mas a ferramenta pode ser calibrada para atender quanto for necessário, esse volume não tem limite.”
Preferência. Segundo ele, chat é o meio de comunicação preferido entre empresas e consumidores. “Pesquisa da Sage aponta que 66% dos brasileiros enxergam os benefícios do uso de bots (robôs) na organização da vida profissional e dos negócios.”
Ele diz que a IA representa grande vantagem para empresas menores. “Mas é importante não atropelar as etapas. Antes de investir em IA é preciso identificar qual é o problema. As soluções de
IA só serão úteis se a empresa tiver um problema claro para resolver”, diz.
Segundo ele, a meta da empresa é entregar mais ferramentas ao mercado e continuar aprendendo com o comportamento do usuário.
CEO da Gupy, Mariana Dias desenvolveu ferramenta que faz a gestão do processo de recrutamento do começo ao fim. “Além da gestão dos currículos e do ranking dos concorrentes, toda a comunicação com os candidatos ocorre dentro da plataforma, oque inclui testes e entrevistas” conta.
Quando o processo seletivo é feito por humanos, ela diz que a escolha dos candidatos que serão entrevistados tende a ser subjetiva .“A nossa solução facilita avidados recrutadores, porque elaé capaz de identificar os melhores talentos para cada vaga. Assim, o recrutador tem mais tempo para se dedicar às entrevistas, dar retorno aos candidatos e atuar de forma mais estratégica.”
Mariana conta que a empresa foi criada em 2015 eque as perspectivas para 2018 são positivas. “As empresas estão entendendo que a inteligência artificial não vai eliminar afigura de recrutador ”, diz.
“Queremos direcionar nossos produtos para um público maior, por ser muito mais
estratégico” Igor Chalfoun
CEO da Tbit Tecnologia “Os cortes de orçamento feitos pelas empresas estão impedindo avanço tecnológico no País” Cassio Dreyfuss VP de pesquisa da Gartner