O Estado de S. Paulo

Temer e Alckmin negociam aliança para unificar centro

Chapa presidenci­al pode ter Meirelles (MDB) como vice do candidato tucano

- Pedro Venceslau Renan Truffi Igor Gadelha Adriana Fernandes / BRASÍLIA COLABOROU TÂNIA MONTEIRO /

Michel Temer e o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, reabriram as negociaçõe­s para montar uma chapa eleitoral que reunifique o centro político brasileiro, atualmente fragmentad­o em várias pré-candidatur­as, todas até agora sem grande força nas pesquisas. Uma das alternativ­as à mesa passa pela desistênci­a de Temer em concorrer à reeleição, o que abriria espaço para o ex-ministro Henrique Meirelles, recém-filiado ao

MDB de Temer, ser o vice de Alckmin. A proposta foi apresentad­a ao tucano por um interlocut­or do presidente. Alckmin ainda analisa a ideia. A aliança ampliaria considerav­elmente o tempo de Alckmin no horário eleitoral de rádio e TV e seus palanques regionais. Em contrapart­ida, o tucano incorporar­ia à sua campanha a defesa da atual política econômica e das reformas propostas por Temer. Os entraves, porém, são muitos e passam pelas candidatur­as de João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) ao governo de São Paulo.

O presidente Michel Temer (MDB) e o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, voltaram a se aproximar e negociam um acordo que reunifique o centro político. Na proposta apresentad­a pelo Planalto, essa chapa presidenci­al seria encabeçada pelo tucano com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) como candidato a vice. Alckmin analisa a ideia e, neste momento, seus aliados avaliam existirem muitos obstáculos para o acordo.

Embora ainda se apresente como pré-candidato à reeleição, Temer admitiu a pelo menos dois interlocut­ores – um do MDB e outro do PSDB – que não deve concorrer a mais um mandato. O presidente avalia que a nova formação pode unir o centro políticoe evitar o isolamento do seu partido e de sua gestão no processo eleitoral.

A proposta de um palanque unificado ganhou corpo após a mais recente pesquisa Datafolha mostrar Temer, que pode ser alvo de uma terceira denúncia da Procurador­ia-Geral da República, estacionad­o com 1% das intenções de voto. O bom desempenho do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB), que registrou até 10%, também preocupa tucanos e emedebista­s. Eles temem que Barbosa ocupe o espaço do centro e avance sobre a centro-esquerda.

A aliança ampliaria o tempo de Alckmin nos programas eleitorais de rádio e TV e seus palanques regionais. Por ora, MDB e PSDB fazem planos de lançar,

cada um, candidatos a governo em 12 Estados. Em contrapart­ida, o tucano incorporar­ia a seu discurso de campanha a defesa de programas do governo Temer. A possibilid­ade de uma dobradinha entre Alckmin e Meirelles foi noticiada, ainda no início de março, pela colunista do Estado Eliane Cantanhêde.

A proposta sofre resistênci­a em parte do MDB: a ideia não foi bem recebida pelo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, e pelo marqueteir­o Elsinho Mouco. A cúpula do PSDB deu aval às negociaçõe­s que, segundo interlocut­ores de Alckmin, partiram de Temer.

A proposta foi levada ao exgovernad­or pelo ex-prefeito João Doria, que se reuniu com o presidente no sábado. Alckmin viu a tese “com bons olhos” e pediu ao comando de sua précampanh­a que inclua o nome de Meirelles nas pesquisas internas sobre potenciais candidatos a vice. Além do ex-ministro, estão nesta lista Mendonça Filho (DEM-PE) e Álvaro Dias (Podemos-PR). Tucanos querem

agora que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira entrem nas negociaçõe­s.

Impasse. Em pré-campanha, Meirelles não admite, por ora, a possibilid­ade de ser vice (mais informaçõe­s nesta página). Segundo auxiliares, o ex-ministro preferiria ficar fora da disputa se não encabeçar a chapa.

A articulaçã­o enfrenta outro impasse: o cenário em São Paulo. Temer gostaria de replicar a aliança nacional no Estado, mas emedebista­s e tucanos se opõem. Doria e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, lideram as pesquisas de intenção de voto.

Duas foram as opções colocadas à mesa: que Skaf desista do governo para disputar o Senado na chapa encabeçada por Doria, ou que o tucano abra mão em troca de ocupar uma pasta de Temer, o Ministério da Indústria, Desenvolvi­mento e Comércio. Nesse cenário, o médico David Uip seria o indicado do PSDB para ser o vice de Skaf.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Aliança. O tucano Geraldo Alckmin, em evento com vereadores em Brasília; ele ainda avalia a proposta de chapa única

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