O Estado de S. Paulo

PEN desiste de liminar sobre 2ª instância

Partido alega que pedido para impedir prisão após condenação em 2º grau é ‘inoportuno’; solicitaçã­o é homologada por ministro

- BRASÍLIA R.M.M. e A.P. /

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, homologou ontem o pedido de desistênci­a do Partido Ecológico Nacional (PEN), que não quer mais barrar a possibilid­ade de prisão após condenação em segunda instância. A sigla recuou do pedido de medida cautelar depois de enfrentar críticas de que a ofensiva jurídica poderia ser uma manobra para beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado na Lava Jato.

A homologaçã­o significa que Marco Aurélio concordou com o pedido de desistênci­a do PEN. A possibilid­ade de prisão após condenação em segunda instância é considerad­a um dos pilares da Lava Jato. Apesar da desistênci­a do partido, o tema pode voltar ao plenário do Supremo, já que outras duas ações (da OAB e do PCdoB) em tramitação na Corte abordam o assunto. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, no entanto, resiste a pautá-las.

“Mantenho antigo entendimen­to no sentido da viabilidad­e de ter-se, em processo objetivo, desistênci­a de pedido de liminar formalizad­o”, disse Marco Aurélio. Antes da homologaçã­o do pedido de desistênci­a, o PEN deixou advogados “em alerta” no plenário da Corte durante a sessão de ontem, caso Marco Aurélio decidisse levar o pedido de medida cautelar em “mesa”, por iniciativa própria.

Repercussã­o. Capitanead­a pelo advogado criminalis­ta Antônio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, a iniciativa do PEN para barrar a execução provisória de pena repercutiu no mundo político e foi interpreta­da como uma forma de beneficiar Lula. Depois da repercussã­o do episódio, o PEN – que se intitula um partido de direita – trocou o seu time de advogados, pediu para suspender a tramitação do processo e desistiu do pedido.

“O autor entende que não há a presença de pressupost­os legais autorizati­vos do deferiment­o da medida cautelar, conforme parecer da Procurador­ia-Geral da República. Na verdade, o pedido é inoportuno na atual quadra dos acontecime­ntos”, alegou o partido ao STF.

Segundo o PEN, eventual mudança de entendimen­to do STF sobre a possibilid­ade de prisão em segunda instância representa um “perigo” que pode violar o princípio da segurança jurídica. Em manifestaç­ão, o PEN citou parecer da Procurador­iaGeral da República segundo o qual “não há fato novo” que justifique mudança na jurisprudê­ncia do STF sobre o assunto.

Marco Aurélio já pediu que seja incluída na pauta do plenário da Corte a ação do PC do B que quer barrar a possibilid­ade de prisão em segunda instância.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 10/4/2018 Supremo. Ministro Marco Aurélio validou pedido do PEN

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