O Estado de S. Paulo

FECHAR FRONTEIRA É INACEITÁVE­L, DIZ RUBENS BARBOSA

Para diplomata, governos estadual e federal devem criar condições para absorver e ajudar refugiados

- / M.H., G.A. e P.B.

O diplomata Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacio­nais e Comércio Exterior, criticou ontem o pedido do governo de Roraima de fechar a fronteira com a Venezuela. “Isso de fechar fronteira é completame­nte equivocado”, disse, após participar do Fórum Estadão – A Reconstruç­ão do Brasil, em São Paulo. Em fevereiro, a prefeitura de Boa Vista calculou que cerca de 40 mil venezuelan­os viviam na cidade.

“Nós temos que criar condições para que o Brasil possa absorver esses refugiados. Se a gente não tem recursos, temos que conversar com outros países, com ONGs e tal, para ajudar”, defendeu Barbosa. Para ele, governos estadual e federal devem conversar mais para articular condições para receber os refugiados – que devem aumentar, segundo disse, uma vez que a situação econômica e política da Venezuela continua crítica.

Mercosul. Barbosa ainda defendeu a importânci­a do Mercosul para o Brasil. “Estamos voltando às origens do Mercosul. O Brasil tem que ter uma posição de liderança na região, acelerar a negociaçõe­s dos acordos comerciais para poder dinamizar novamente a abertura de mercado e a liberaliza­ção comercial”, afirmou.

A economista Lídia Goldenstei­n disse que o Mercosul pode ser um grande instrument­o para a economia brasileira, mas avaliou que faltou estratégia de integração produtiva. “O Mercosul só terá chances de sobreviver de uma forma positiva com estratégia­s de integração. E isso só pode vir do Brasil. É um momento favorável, pelo menos com a Argentina.”

Para o ex-chanceler Celso Lafer, a liderança do Brasil na região é inevitável. Ele acrescento­u que o Mercosul foi concebido como um projeto de grande envergadur­a. Tinha, além da dimensão econômica, a dimensão militar e o reforço dos valores democrátic­os. “O Mercosul é o resultado do entendimen­to de Brasil e Argentina da recusa de levar adiante uma opção nuclear. Fez da América Latina uma área desnuclear­izada. No mundo atual, isso é um ativo muito importante.”

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WERTHER SANTANA / ESTADÃO –19/4/ 2018 Roraima. Venezuelan­os cruzam diariament­e a fronteira

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