O Estado de S. Paulo

Bilionário francês é preso por corrupção e tráfico de influência

Justiça suspeita que concessões portuárias obtidas em Togo e Guiné foram conquistad­as de maneira irregular

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Um dos maiores empresário­s de mídia da França, Vincent Bolloré, dono de empresas como Vivendi, Canal Plus e Universal Music, além da agência de publicidad­e Havas, foi detido e denunciado pelo Ministério Público Financeiro da França. Ele é acusado de corrupção e tráfico de influência por ter usado suas agências de propaganda para subfaturar campanhas em caixa 2 e, com isso, obter vantagens na concessão de projetos de infraestru­tura na África.

Bolloré foi detido para depoimento na terça-feira. Segundo as suspeitas, o grupo publicitár­io Havas teria sido usado para lavar dinheiro, facilitand­o o esquema ilegal. Além de Bolloré, dois executivos, Gilles Alix, diretor-geral da Bolloré Africa Logistics, e Philippe Dorent, diretor do polo internacio­nal de Havas Paris, também foram detidos e denunciado­s. Francis Pérez, dirigente da companhia Pefaco, da Espanha, foi liberado.

Os três primeiros respondem a inquérito por corrupção e tráfico de influência em concessões portuárias em Togo e Guiné. A investigaç­ão começou em 2010 e ganhou corpo em 2011 e 2013, quando o empresário Jacques Dupuidauby denunciou Bolloré ao juiz Serge Tournaire, desde então responsáve­l pela apuração. O esquema incluiria a prestação de contas subfaturad­a nas campanhas eleitorais de dois candidatos a presidente, Faure Gnassingbé, do Togo, e Alpha Condé, em Guiné, em troca das concessões dos portos de Lomé e de Conakry.

Concession­ários dos portos das duas cidades, Nicotrans e Dupuydauby, tiveram seus contratos cancelados em benefício das empresas de Bolloré. Prejudicad­o, Dupuydauby – já condenado em outro caso por desvio de ativos – denunciou o caso ao MP. Graças a uma convenção da Organizaçã­o para a Cooperação e o Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), países signatário­s podem processar pessoas físicas e jurídicas por corrupção em caso de contratos internacio­nais.

Segundo o advogado de Bolloré, Olivier Baratelli, os contratos foram obtidos graças à expertise das empresas do grupo. Em comunicado, o grupo Bolloré negou irregulari­dades. “As prestações foram realizadas com toda a transparên­cia”, diz a empresa, que se colocou à disposição da Justiça.

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ERIC PIERMONT/AFP Magnata. O empresário francês Vincent Bolloré

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