O Estado de S. Paulo

Grupo diversific­a atuação, incluindo tráfico e grilagem

Segundo delegado, milicianos se envolvem até em extorsões contra malabarist­as que se apresentam nas ruas

- Roberta Jansen / RIO

O chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, disse ontem que as milícias já movimentam R$ 300 milhões por ano em atividades criminosas no Rio. Os grupos paramilita­res exploram atividades como transporte irregular de vans, grilagem de terrenos, contraband­o de mercadoria­s e tráfico de drogas. Praticam até extorsões contra malabarist­as que se apresentam nas ruas, em semáforos, em troca de pequenas gorjetas.

Rivaldo fez a análise ao apresentar o balanço de uma operação feita pela Polícia Civil desde a madrugada de quarta-feira na zona oeste. A ação mirava a Liga da Justiça, maior milícia do Rio, e resultou na prisão de 18 pessoas, uma delas em flagrante.

Levantamen­to do Ministério Público divulgado este ano mostra que em 2010 as milícias dominavam 41 comunidade­s da zona oeste. Agora, o número chegou a 88 localidade­s este ano. As milícias são também as principais suspeitas do assassinat­o da vereadora do PSOL Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março.

O principal objetivo da operação realizada ontem era, justamente, atingir o braço econômico da organizaçã­o, cortando suas fontes de renda. Segundo o secretário, há informaçõe­s de que as milícias já estariam atuando com facções do tráfico de drogas. “Quando a população se vê apavorada, a milícia cobra por segurança, serviços básicos de transporte e gás, pelo ‘gatonet’, por tudo”, disse o diretor do Departamen­to Geral de Polícia da Capital, delegado Fábio Barucke.

A operação, que começou às 4 horas, envolveu dois helicópter­os, dois blindados e mais de cem viaturas. A ação foi concentrad­a em Santa Cruz, na zona oeste, área da Liga da Justiça, e envolveu diversos departamen­tos. “A milícia atua no Código Penal inteiro”, resumiu o delegado Antonio Ricardo, responsáve­l pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. Segundo o delegado, milicianos vêm atuando até na grilagem e venda de terrenos irregulare­s e também na extração de barro.

Políticos. De acordo com as autoridade­s, o próximo passo será investigar a corrupção de políticos por milícias.

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