Grupo diversifica atuação, incluindo tráfico e grilagem
Segundo delegado, milicianos se envolvem até em extorsões contra malabaristas que se apresentam nas ruas
O chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, disse ontem que as milícias já movimentam R$ 300 milhões por ano em atividades criminosas no Rio. Os grupos paramilitares exploram atividades como transporte irregular de vans, grilagem de terrenos, contrabando de mercadorias e tráfico de drogas. Praticam até extorsões contra malabaristas que se apresentam nas ruas, em semáforos, em troca de pequenas gorjetas.
Rivaldo fez a análise ao apresentar o balanço de uma operação feita pela Polícia Civil desde a madrugada de quarta-feira na zona oeste. A ação mirava a Liga da Justiça, maior milícia do Rio, e resultou na prisão de 18 pessoas, uma delas em flagrante.
Levantamento do Ministério Público divulgado este ano mostra que em 2010 as milícias dominavam 41 comunidades da zona oeste. Agora, o número chegou a 88 localidades este ano. As milícias são também as principais suspeitas do assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março.
O principal objetivo da operação realizada ontem era, justamente, atingir o braço econômico da organização, cortando suas fontes de renda. Segundo o secretário, há informações de que as milícias já estariam atuando com facções do tráfico de drogas. “Quando a população se vê apavorada, a milícia cobra por segurança, serviços básicos de transporte e gás, pelo ‘gatonet’, por tudo”, disse o diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, delegado Fábio Barucke.
A operação, que começou às 4 horas, envolveu dois helicópteros, dois blindados e mais de cem viaturas. A ação foi concentrada em Santa Cruz, na zona oeste, área da Liga da Justiça, e envolveu diversos departamentos. “A milícia atua no Código Penal inteiro”, resumiu o delegado Antonio Ricardo, responsável pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. Segundo o delegado, milicianos vêm atuando até na grilagem e venda de terrenos irregulares e também na extração de barro.
Políticos. De acordo com as autoridades, o próximo passo será investigar a corrupção de políticos por milícias.