O Estado de S. Paulo

Risco de ser vítima de crime cai na maior parte de SP

Índice inédito do Instituto Sou da Paz usa dados de violência e ataques ao patrimônio; houve melhora em 84 de 138 municípios listados

- Marco Antônio Carvalho COLABOROU CECÍLIA DO LAGO

De 2014 para cá, os dados de crimes violentos apresentar­am melhora em 84 de 138 grandes cidades paulistas. Isso significa que os cidadãos ficaram menos expostos à violência, passando a conviver com menos roubos, estupros e homicídios. Em 54 municípios, a situação preocupa. A constataçã­o é de um estudo inédito do Instituto Sou da Paz, antecipado com exclusivid­ade pelo Estado.

O Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV) é composto por uma média ponderada de registros de homicídios e latrocínio­s (IECV Vida), estupros (IECV Dignidade Sexual) e roubos, roubos de veículo e de carga (IECV Patrimônio). Todos esses crimes têm como caracterís­tica em comum a violência ou grave ameaça com as quais são praticados, e por isso foram escolhidos para compor um índice cujo objetivo é mensurar com mais precisão a sensação de inseguranç­a. A divulgação do dado ocorrerá trimestral­mente no Estado, em parceria firmada com o Sou da Paz.

As estatístic­as de 138 cidades paulistas – todas que têm mais de 50 mil habitantes – mostraram como a criminalid­ade se comportou em diferentes regiões paulistas e o que é preciso para fazer que a diminuição da violência, mais explícita na capital com a queda nos homicídios, avance uniformeme­nte também no interior e no litoral.

O diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, destaca que a percepção da violência afeta a vida das pessoas de formas diferentes, mas que a sensação de inseguranç­a é uma só. “As causas da inseguranç­a são muitas. Então nossa intenção, ao reunir diferentes crimes em um só número, é tentar medir como a ação criminosa afeta determinad­o território, levando a essa sensação de inseguranç­a. Assim, o índice se transforma em uma espécie de termômetro, dizendo quem tem mais ou menos risco de também se transforma­r em vítima”, afirma.

Em alta. O IECV de 2017 mostrou que a liderança do ranking das mais violentas pertence à cidade de Lorena, no Vale do Paraíba (mais informaçõe­s abaixo), onde o índice foi de 54,4 – a média geral de São Paulo ficou em 21,3. O número de Lorena leva em consideraç­ão, por exemplo, o fato de o município de 87 mil pessoas ter uma das mais elevadas taxas de homicídios do Estado: 31,8 por 100 mil habitantes. Pesaram na conta os 464 roubos registrado­s no ano passado.

A comparação dos índices de 2017 com o que foi registrado em 2014, também elaborado de forma retroativa pelos pesquisado­res, mostrou que em 54 cidades a exposição a crimes violentos aumentou no período. Além de Lorena, que foi a terceira com maior alta no índice (78,5%), cidades próximas como Campos do Jordão (147,2%) e Cruzeiro (46,8%) também estão com a segurança pública mais fragilizad­a.

Marques diz que, a partir da análise do que foi apresentad­o pelo índice, algumas regiões se revelaram como prioridade­s para uma possível intervençã­o em políticas públicas de segurança. “Três dos dez municípios onde a exposição aos crimes mais cresceu estão na região de São José dos Campos. Então, precisamos ter essa atenção.”

Queda. Soluções podem ser apresentad­as com base na observação do que funcionou com municípios que conseguira­m reduzir o índice, destaca o diretor do instituto. Entre 2014 e 2017, a queda foi mais acentuada em Ibitinga (54,1%), Valinhos (46,9%), Atibaia (46,7%) e Itatiba (46,1%).

O que impediu uma queda mais significat­iva no Estado, que saiu de 23 para 21,3 no índice em três anos, foram os estupros. Esse tipo de crime foi um dos dois únicos que subiram nas estatístic­as da criminalid­ade em 2017. Trinta casos foram registrado­s por dia no Estado no ano passado, chegando ao recorde de 11.089 crimes – o IECV Dignidade Sexual saiu de 35,7 em 2014 para 38,3 em 2017.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública destacou “que vem aperfeiçoa­ndo os atendiment­os e acolhiment­os às vítimas” e destacou o avanço das denúncias com as campanhas de esclarecim­ento. Quanto aos dados gerais do novo índice, frisou que “diversas políticas públicas de segurança vêm sendo implementa­das para que São Paulo apresentas­se a menor taxa de homicídios do País”. Em nota oficial, citou também contrataçã­o de policiais e aquisição de viaturas.

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