O Estado de S. Paulo

Jogador que acusa cartola de abuso pode ir para a Europa

Segundo o pai de Ruan Petrick, além de clube da Áustria há uma equipe da Série B e outra da C interessad­as no seu filho

- Gonçalo Junior

Dois clubes brasileiro­s (um da Série B e outro da Série C) e um time austríaco estão negociando a contrataçã­o do atacante Ruan Petrick, que teria sido vítima de abuso sexual cometido pelo coordenado­r das categorias de base do Santos, Ricardo Marco Crivelli, quando tinha 11 anos – hoje, ele tem 19 anos.

De acordo com o pai do jogador, Regis Santana, ele está estudando as propostas para voltar a jogar profission­almente. O pai do atleta evita citar os nomes dos clubes, pois teme represália­s do Santos. De acordo com Régis, o time da Vila Belmiro ainda defende o ex-coordenado­r, apesar de tê-lo afastado assim que Ruan registrou um Boletim de Ocorrência, no dia 13. “Vou esperar que o negócio se concretize. Sabemos que estamos mexendo com gente poderosa. Esses caras do Santos vão longe para defender o Lica e eles podem querer prejudicar meu filho ainda mais”, diz.

O negócio mais encaminhad­o é a ida para a Áustria. Se aceitar a proposta, ele deverá viajar no dia 15 de maio. O principal empecilho é a distância da família, que prefere sua permanênci­a no Brasil. “Depois de tudo o que aconteceu, não quero meu filho muito longe de mim. Por isso, não queria a Europa, mas estamos conversand­o”, afirma.

Além de temer represália­s, a família reclama da falta de apoio do Santos ao jogador. “Desde o nosso primeiro contato, eles só falam da política do Santos”, afirma Regis.

O clube rebate. Fontes próximas à diretoria santista afirmam que houve uma tentativa de contato, que não foi bem recebida. Ao Estado, o clube enviou uma nota. “Tão logo soube do caso, o profission­al acusado foi prontament­e afastado de suas atividades pelo Comitê de Gestão do Clube. O Santos vai continuar contribuin­do plenamente com as investigaç­ões que já estão em andamento”, informa o documento.

O inquérito da Delegacia de Repressão e Combate à Pedofilia corre sob segredo de justiça. Na semana passada, uma nova testemunha teria confirmado a versão de Ruan. Ela afirmou à polícia que esteve no mesmo local do suposto crime delatado por Ruan e que também teria sido assediado pelo acusado.

O local é a residência de um antigo empresário do jogador, fora das dependênci­as do clube. A idade da nova testemunha não foi revelada. Adriano Vanni, advogado de Lica, diz que o seu cliente é inocente e que está à disposição das autoridade­s.

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GONÇALO JUNIOR/ESTADÃO-18/4/2018 Medo. Regis Santana, pai de Ruan, faz segredo sobre clubes

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