UM LORDE RESGATA A INGLATERRA
‘Prata da casa’ é aposta para fazer boa Copa
Após o vexame na Eurocopa de 2016 e um escândalo de corrupção, a Inglaterra estava em apuros sobre quem contratar para ser o treinador da seleção. Os insucessos por diferentes naturezas em anos recentes com treinadores experientes fizeram os dirigentes ingleses olhar para dentro dos próprios escritórios da Federação Nacional. Por lá estava a solução, um novato chamado Gareth Southgate.
O quinto mais novo treinador da história da seleção do país era o perfil necessário para a vaga. Não é exagero compará-lo a um típico lorde inglês. Aos 47 anos, atuou profissionalmente como zagueiro e volante por 18 temporadas, quase sempre como capitão do seu time. Como jogador, ficou conhecido pela liderança, educação e pelo bom caráter.
O então técnico da seleção sub-21 da Inglaterra, autor de livro premiado e um ex-comentarista de televisão, acabou promovido à equipe principal em setembro de 2016, inicialmente como interino. Já conhecido dos dirigentes da federação, onde havia chegado em 2011, como chefe de desenvolvimento, foi efetivado com a missão de classificar a Inglaterra para a Copa da Rússia e ajudar a melhorar a imagem da equipe.
O antecessor dele, o veterano Sam Allardyce, durou apenas um jogo no cargo e caiu por envolvimento em um escândalo, revelado pelo jornal The Telegraph. A pedido da publicação, falsos empresários asiáticos fingiram conversar com o treinador para oferecer um acordo de quase R$ 1,7 milhão para burlar regras de transferências. O teste de honestidade, registrado por câmeras escondidas, causou sua demissão.
O momento no futebol inglês era ainda pior, pois meses antes a equipe amargou novo vexame. Na Eurocopa da França, a eliminação nas oitavas de final diante da Islândia causou a demissão de Roy Hodgson. Era preciso, portanto, resgatar a seleção inglesa.
Nada melhor para o papel de alguém que disputou duas Copas pelo país e fez a carreira toda no futebol local, sem se envolver em polêmicas. “Southgate é como uma esponja. Ele quer absorver todo o conhecimento e é uma grande pessoa. Ninguém tem uma palavra ruim a dizer sobre ele. Mesmo quando era garoto, era muito responsável”, disse em entrevista ao The Guardian o ex-jogador Geoff Thomas, antigo colega de Crystal Palace.
Na seleção, o ex-zagueiro classificou a Inglaterra à Copa de forma invicta nas Eliminatórias. Ele virou comandante de antigos jogadores seus no sub-21, como o zagueiro Stones, o meia Lingard e o atacante Kane, artilheiro do país nas Eliminatórias.
Southgate vai vivenciar uma curiosa coincidência na Rússia. O primeiro jogo será contra a Tunísia, mesmo adversário que enfrentou na estreia em 1998, quando era zagueiro. Depois de resgatar o prestígio da seleção, a missão será mais difícil: fazer o país inventor do futebol voltar a ganhar uma Copa depois de mais de 50 anos.