A confiança da indústria acusa declínio
Dirigentes de companhias industriais continuam a manifestar otimismo com a situação presente e com o futuro, mas entre março e abril houve um pequeno abalo no seu ânimo. Foi o que constataram levantamentos diferentes, um da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outro da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da CNI registrou 56,7 pontos em abril, superando a média histórica de 54,2 pontos, mas exibindo queda de 2,5 pontos em relação a março. A pesquisa foi realizada com 2.780 companhias de portes pequeno, médio e grande na primeira quinzena de abril. O Icei havia crescido expressivamente de agosto de 2017 a janeiro de 2018, estabilizando-se em fevereiro e março deste ano. Entre março e abril, houve queda tanto do Índice de Condições Atuais do Icei, de 53,5 pontos para 51,5 pontos, como do Índice de Expectativas, de 61,7 pontos para 59,4 pontos. Os dois indicadores estão no campo positivo (acima dos 50 pontos), mas, num momento em que a economia mundial está crescendo e há indicadores macroeconômicos locais muito favoráveis, como a queda da inflação e dos juros, cabe indagar se há motivos para maior desconfiança.
A preocupação dos industriais, tanto no que diz respeito às condições atuais como com relação às expectativas, é com a economia brasileira. O Icei revela que as mais temerosas são as pequenas empresas, mas também as médias e grandes companhias estão menos confiantes. Como notaram os especialistas da CNI, “ainda há uma percepção de melhora dos negócios”, mas menos “significativa” do que no mês passado. Comparada a abril de 2017, a variação do Icei é positiva em 5,5 pontos.
A prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) da FGV, que consultou 794 empresas entre 2 e 18 de abril, confirma os resultados do Icei da CNI. O ICI/FGV recuou 0,7 ponto entre março e abril, atingindo 101 pontos, acima do nível neutro de 100 pontos. A queda é a primeira desde junho de 2017 e se deveu mais às expectativas. Parece evidente que as incertezas políticas relativas às eleições fazem crescer o grau de apreensão dos empresários industriais.
Nas duas pesquisas se nota que a tendência de médio prazo dos indicadores ainda é de alta, o que é compatível com a retomada gradual da indústria.