O Estado de S. Paulo

Em meio à crise, lucro do Facebook avança 63%

Revelado em 17 março, escândalo do uso ilícito de dados de usuários não teve reflexo, pelo menos até agora, no resultado da companhia

- Bruno Capelas

Diante da maior crise de sua história, o Facebook anunciou ontem um cresciment­o de 63% no lucro no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, o que fez a rede social colocar direto em seus cofres US$ 4,99 bilhões. A companhia registrou ainda um avanço de 50% na receita, que atingiu US$ 11,97 bilhões. Divulgados após o fechamento do mercado nos Estados Unidos, os resultados superaram as expectativ­as divulgadas por analistas de Wall Street e fizeram as ações da rede subirem 7% no aftermarke­t (operações fora do horário regular).

O desempenho mostra que, pelo menos até agora, o Facebook não sentiu os efeitos do escândalo do uso ilícito de dados de 87 milhões de usuários, revelado em 17 de março – quase no fim do primeiro trimestre.

A rede social registrou ainda 2,2 bilhões de usuários, um cresciment­o de 13% na comparação anual. Ante os últimos meses de 2017, o total de usuários subiu 3,1%, mantendo o ritmo de evolução dos trimestres anteriores.

Na apresentaç­ão de resultados, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, pediu desculpas e assumiu responsabi­lidade pelos danos causados pelo aplicativo do pesquisado­r Aleksandr Kogan, responsáve­l por fornecer dados à consultori­a Cambridge Analytica, que atuou na campanha de Donald Trump à presidênci­a dos EUA. “Estamos investigan­do para ter certeza de que nossos serviços são usados para o bem”, disse. “Mas precisamos seguir fazendo ferramenta­s para ajudar as pessoas a se conectarem.”

Em conversa com investidor­es, Zuckerberg também relembrou o que a rede fez nas últimas semanas, como alterações no termos de uso e políticas de privacidad­e para tornar propaganda­s mais transparen­tes.

Tempo.

Sobre o desempenho da empresa pesa ainda o fato de que a revelação do escândalo do uso ilícito de dados aconteceu na metade de março, atingindo apenas os últimos dias do trimestre. Analistas esperam um cenário mais preciso nos próximos trimestres.

Existe a preocupaçã­o de que mudanças na privacidad­e reduzam a eficácia das propaganda­s, afugentand­o anunciante­s. Além disso, restrições impostas a desenvolve­dores poderiam reduzir a quantidade de aplicativo­s criados sobre a plataforma da rede social, diminuindo o tempo gasto pelos usuários.

O Facebook não mostrou receio com essa perspectiv­a, mas com outro desafio que vai enfrentar em breve, quando a nova lei de proteção de dados da União Europeia (GDPR, na sigla em inglês) entrar em vigor em 25 de maio. A rede social já se adiantou às mudanças da regulação, que dá mais controle aos usuários pela forma como seus dados são utilizados por anunciante­s e empresas na internet. Nesta semana, a empresa liberou novos controles de privacidad­e na União Europeia e nos Estados Unidos e afirmou que eles serão oferecidos para todos os seus usuários pelo mundo.

Também na conferênci­a com investidor­es, o diretor financeiro da empresa, David Wehner, afirmou que o GDPR pode ter impacto nas receitas da empresa. “Qualquer atividade que promova mudanças na forma como anunciante­s usam dados pode nos afetar.”

“Qualquer atividade que promova mudanças na forma como anunciante­s usam dados pode nos afetar.” David Wehner DIRETOR FINANCEIRO DO FACEBOOK

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Tom. Em conferênci­a após o balanço, Zuckerberg disse que Facebook precisa seguir em frente
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