O Estado de S. Paulo

Briga por Eletropaul­o chega à Comissão Europeia

Em disputa com italiana Enel por brasileira, espanhola Iner rola vai à instituicã­o questionar con uta da rival

- Renée Pereira Luciana Collet

A briga entre a italiana Enel e a espanhola Iberdrola, controlado­ra da Neoenergia, pela compra da Eletropaul­o esquentou mais uma vez. Se por aqui o grupo italiano ganhou um round, ao forçar a Eletropaul­o a cancelar ontem sua oferta pública de distribuiç­ão primária de ações (follow on), a espanhola decidiu jogar mais pesado. Numa carta formal enviada à Comissão Europeia, a empresa reclama da postura da rival nas negociaçõe­s mundo afora.

No documento, a Iberdrola afirma que a Enel não age de acordo com os critérios de mercado e adota decisões sem a menor lógica econômica. “Eles não estão competindo em igualdade de condições, porque a empresa italiana está tirando proveito de sua condição de empresa estatal (o governo detém 23,6% da empresa)”, diz a espanhola, na carta assinada pela diretora de assuntos europeus da Iberdrola, Eva Chamizo Llatas.

Ela pede que a Comissão Europeia atue para acabar com o risco de distorção da “igualdade de condições” nos mercados em que a Enel opera ou deseja entrar. A Iberdrola acusa a italiana de adotar decisões de investimen­to irreais, que estão compromete­ndo os negócios de energia e alerta para a atuação da empresa nas negociaçõe­s para a compra da Eletropaul­o. O documento sugere que a Enel não estaria cumprindo regras de tratado europeu no que diz respeito ao setor elétrico, provocando prejuízos ao grupo espanhol em vários dos mercados onde ambas competem.

No Brasil, a Iberdrola afirma que a Enel está aproveitan­do sua condição de empresa pública na Itália para tentar influencia­r o conselho da Eletropaul­o e o órgão regulador (a CVM) e intimidar os concorrent­es. A espanhola se refere às reclamaçõe­s que a Enel fez no fim de semana numa carta aberta publicada nos principais jornais do País.

A italiana questionou a postura da Eletropaul­o de dar continuida­de ao processo de follow on e ao mesmo tempo fazer um acordo de investimen­to com a Neoenergia. Diante da reclamação a CVM pediu esclarecim­entos a Eletropaul­o. A distribuid­ora paulista respondeu aos questionam­entos e “desmentiu” o grupo italiano sobre alguns pontos da carta aberta, especialme­nte em relação ao “acordo de investimen­to” com a Neoenergia. Isso porque a primeira proposta da Enel teria sido nos moldes da espanhola.

Novo lance.

Ontem, enquanto Iberdrola fazia sua reclamação na Europa, a Enel reforçava sua proposta pela Eletropaul­o pela segunda vez. O grupo italiano elevou o lance de R$ 28 para R$ 32 a oferta por ação da concession­ária – valor 8,8% superior à proposta da Neoenergia.

Procurada para comentar a carta da Iberdrola à Comissão Europeia, a Enel não se posicionou. Fontes próximas à companhia rebatem, no entanto, os argumentos da Iberdrola, afirmando que o balanço financeiro do grupo é forte, sendo uma das empresas europeias menos alavancada­s.

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