O Estado de S. Paulo

Para-raios de café na zona sul

- Ana Paula Boni

A compra de uma máquina de torra Atilla zerada marca um novo ciclo para Ton Rodrigues e sua grife True Coffee Inc. Ainda com seus detalhes em metal reluzindo, o equipament­o, que custa cerca de R$ 50 mil, está instalado na cafeteria True Coffee, a primeira loja própria que Ton abriu em seus 11 anos de carreira no café. Mas a portinha na zona sul, atingida diariament­e pela centrífuga de gente que é a Berrini, é mais do que um ponto de expresso pós-almoço.

Mesmo pequeno, o espaço funciona como um misto de escola (com cursos para leigos e profission­ais), centro de torra (da própria marca e também com aluguel por hora, em esquema colaborati­vo), escritório de consultori­a e centro de distribuiç­ão (café em grão, garrafas de cold brew), reunindo as múltiplas funções de Ton no mundo cafeeiro – coffee hunter, mestre de torra e barista.

É que até então ele vinha tocando a True Coffee em paralelo a outros empregos, como no Sofá Café. Acabava usando só as horas vagas para a própria marca, que hoje conta com três rótulos de cold brew (R$ 10 a garrafa) e cerca de nove tipos de café, cujos produtores são garimpados por ele (a partir de R$ 27; 250g). As sacas de café são armazenada­s nos fundos do espaço, assim como as garrafas de cold brew, que tornaram Ton o pioneiro por aqui nesse café extraído a frio, por cerca de 18 horas, que ele conheceu nos Estados Unidos. Foi, aliás, o cold brew que marcou a estreia da True Coffee, há quatro anos. Começou como brincadeir­a num balde da marca Toddy, com capacidade para menos de 2 litros. Hoje, num sítio em Atibaia, ele usa 100 kg de café para fazer 8.000 garrafas de cold brew em três tanques de mil litros. Parte dessa produção abastece, há dois meses, no Rio, 38 lojas do Zona Sul, a estreia numa grande rede.

Em sentido contrário à maré, Ton Rodrigues só apostou no café quente depois do cold brew, a pedidos da clientela. Do cerrado mineiro à Serra do Caparaó, seus lotes incluem o Rubi (um catuaí IAC 44, de Terras Altas, no Caparaó, R$ 38; 250g) e o novo lote 4 de catuaí do Sítio Alto da Serra, da Mantiqueir­a (com notas de frutas vermelhas).

Todos os grãos – que abastecem casas como King of the Fork e Espresso Arte – podem ser tomados na True Coffee em métodos coados. Para expressos, sempre há um fixo e um blend visitante, para testar a aceitação do público. A torra segue a cartilha dos cafés mais claros, com acidez natural ressaltada, mas Ton não é xiita: criou até uma linha, a Kopi (R$ 15; 250g), para torra mais intensa.

Além da loja, os produtos são vendidos no site (truecoffee­inc.com.br), com preços diferentes. Lá também é possível ver os cursos, como “Métodos de preparo de café em casa”, em que Ton apresenta, em 6h, 18 tipos de café coado (R$ 175).

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FOTOS: ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO Brinquedo novo. Ton Rodrigues e a máquina de torra Atilla
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A frio. Garrafas de cold brew, café extraído por 18 horas

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