Empório solidário de orgânicos no Centro foca os produtores
Os preços nas caixas plásticas mostram como os produtores são remunerados: mexerica a R$ 4 o quilo, banana prata a R$ 2,90 o quilo, cebola-roxa a R$ 6 o quilo. O acréscimo de cerca de 35% na hora de pagar justifica ao cliente a remuneração que cabe ao Instituto Feira Livre para arcar com aluguel, água, luz, salários e outros gastos. A tabela de custos, escrita na parede, explica as rendas e despesas do local, em que prevalecem os conceitos de economia solidária e responsabilidade social.
Esse modelo, que ficou conhecido em São Paulo no ramo dos alimentos orgânicos com o Instituto Chão, aberto em 2015 na Vila Madalena, ganhou reforço no meio do ano passado com a Orgânicos 35 e, mais recentemente, com o Instituto Feira Livre, no centro da cidade.
Como entidade sem fins lucrativos, o Feira Livre foca na inclusão, com baixa margem de faturamento, permitindo melhor remuneração aos produtores. “É alimento orgânico, mas poderia ser qualquer outro produto. A questão é tratar do consumo consciente. O consumo é um ato político”, diz Rene Gonçalves de Lima, biólogo e um dos associados. Ali, os nove fundadores e outros associados são responsáveis, juntos, por fazer o contato com os cerca de 100 fornecedores (de produtos in natura a embalagens das prateleiras), receber, organizar, vender, fazer as contas. Entre os parceiros, estão a Cooperapas (de Parelheiros) e a Associação de Agricultores da Zona Leste, de São Mateus.
A inspiração do negócio veio do Instituto Chão, onde o sistema de acréscimo no fim da conta é o mesmo. O cliente não é obrigado a pagar a “contribuição sugerida”, mas é informado de que o local só se sustenta se esse valor for pago – o valor na gôndola vai para o produtor. “Tem gente que não paga, mas outros deixam a mais para subsidiar quem não pode pagar”, conta Rene, segundo quem o local é frequentado por moradores de Higienópolis e integrantes de ocupações do centro.
Além de legumes, verduras, frutas e hortaliças, o Feira Livre conta com uma mercearia com cogumelos, azeites, farinhas, méis, bebidas, chocolates, geleias, laticínios e outros itens orgânicos, todos certificados. Há uma estante com pães do Ogrânico e do Quintal da Aurélia. A cafeteria aproveita insumos do local para fazer bolos, sucos, cafés e, às quintas, uma opção de almoço. Na geladeira, nhoques da Massa Rosinha também aproveitam ingredientes que estão perto de perecer para fazer bolinhas de beterraba, espinafre, mandioquinha – no almoço do domingo, elas são servidas com três molhos à escolha (R$ 17,90 + os 35% de contribuição). / A.P.B.
Onde. R. Major Sertório, 229, República. 9h/19h (sex., 13h/19h; sáb. e dom., 9h/15h; fecha seg.).