O Estado de S. Paulo

A maioria dos trabalhado­res tem aumento real

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O primeiro trimestre de 2018 foi o melhor para os trabalhado­res desde 2014. Reportagem publicada pelo Estado mostrou que nada menos do que 87,1% dos acordos e convenções salariais concluídos no período assegurara­m ganhos reais para os trabalhado­res. Foi a primeira vez, em dez anos, que houve combinação de inflação baixa e reposição real de vencimento­s, notou o professor Hélio Zylberstaj­n, da Faculdade de Economia da Universida­de de São Paulo (USP) e coordenado­r do Salariômet­ro da Fipe, pesquisa mensal sobre o resultado de milhares de negociaçõe­s entre patrões e empregados.

Para uma inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 1,9% no primeiro trimestre, os reajustes foram, em média, 0,9 ponto porcentual superiores. Em março de 2018, o reajuste mediano nominal foi de 2,5%. Ou seja, as correções de salário são modestas, mas suficiente­s para evitar a corrosão de rendimento­s.

Com a inflação baixa graças aos preços de itens básicos, como alimentos, os trabalhado­res podem perceber melhor a preservaçã­o do poder aquisitivo dos salários.

Os números do primeiro trimestre analisados pela Fipe baseiam-se em dados do governo federal e representa­m a média de acordos e convenções. As variações acima ou abaixo da média se explicam porque em alguns segmentos da atividade econômica a recuperaçã­o é mais forte e correções salariais reais são mais facilmente negociadas. É o que relata o presidente do Sindicato dos Trabalhado­res nas Indústrias de Artefatos de Borracha e Pneumático­s de São José do Rio Preto e Região, Marcio Antonio Vieira: o reajuste negociado por dez empresas da área foi de 6%. “Foi um grande feito”, reconheceu Vieira.

Os efeitos da nova legislação trabalhist­a sobre as negociaçõe­s ainda são mal conhecidos. Em alguns casos, segundo o economista Clemente Ganz Lúcio, diretor do Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos (Dieese), entram na pauta dos acordos questões não atinentes a reajustes, mas a obrigações das empresas com os trabalhado­res.

Uma retomada mais forte da atividade econômica poderá contribuir para o aumento do número de negociaçõe­s favoráveis aos trabalhado­res, em especial, nos setores mais dinâmicos. O grande obstáculo é o desemprego elevado.

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