Governo esperava calote, mas não incluiu no Orçamento
Já era uma “bola cantada” a necessidade de previsão orçamentária para o governo brasileiro honrar dívidas não pagas pela Venezuela e Moçambique. Por isso, soa estranho a urgência imposta pelo presidente Michel Temer ao Congresso. Por que não veio antes?
Mais estranho ainda é o anúncio da medida ter partido da Secretaria de Governo, comandada por Carlos Marun, e não de um representante do Ministério da Fazenda, a quem caberia fornecer todas as informações para evitar ruídos nesse tema tão sensível como a falta de dinheiro para honrar garantias que foram dadas pelo governo.
Diante do gravíssimo risco apontado por Temer, Marun e Jucá, o governo já deveria ter se mexido muito antes e incluído a previsão no Orçamento.
Depois que o embaixador do Brasil na Venezuela, Ruy Pereira, foi declarado “persona non grata” pela Assembleia Nacional Constituinte, no final do ano passado, acendeu-se a luz vermelha de alerta quanto ao risco de novos calotes.
Mas ao longo dos últimos meses, o governo, ao invés de agir para se prevenir, preferiu enfatizar que as operações tinham garantia do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), que tem um superávit de R$ 4,19 bilhões (US$ 1,3 bilhão).
O assunto tem forte ingrediente político e vem servindo de munição aos críticos das gestões do PT, que priorizaram este tipo de investimento, que acabou caindo na conta dos contribuintes. Em ano de eleições, é prato cheio.