O Estado de S. Paulo

Sem medo de ser pop, cantora tem mina de ouro nas mãos

- João Paulo Carvalho

Quando IZA surgiu no palco Sunset da edição de 2017 do Rock in Rio, a cantora roubou a cena. A jovem estrela salvou aquele que poderia ter sido um dos maiores fiascos da história do festival. Diante de um CeeLo Green perdido, IZA encantou o público com performanc­e de gala. Muitos dos que estavam presentes não conheciam a jovem. Desenvolta, ela foi capaz de ofuscar o cantor americano.

Sete meses depois dessa apresentaç­ão emblemátic­a, IZA volta a se destacar, dessa vez com seu primeiro disco de estúdio, Dona de Mim, que estreia nesta sexta-feira, 27. As 14 faixas do álbum mostram uma cantora que não tem medo de se assumir pop. A produção do disco é rebuscada e muitas vezes camufla a potência vocal da artista de 27 anos. E o excesso de samples e ruídos também deixou as canções menos orgânicas.

Ginga (com o rapper Rincon Sapiência) e Pesadão (com Marcelo Falcão, vocalista de O Rappa) se tornaram sucesso antes mesmo do lançamento do CD. Ambas reaparecem com força em Dona de Mim. Além dos dois hits, duas canções chamam a atenção. Você Não Vive Sem externa a voz de IZA com mais clareza. Seu lado cantora de vozeirão fica evidente com uma canção mais lenta e cadenciada. A parceria com Thiaguinho em É Noix só comprova a essência pop de IZA. A fórmula dançante, tão presente nesse trabalho, domina a música.

As letras do disco, no entanto, não são lá grande coisa. Rimas fracas, porém, acabam sendo encobertas por uma musicalida­de extremamen­te pop e conceitual. Todas as músicas de Dona de Mim já nascem com cara de hits radiofônic­os. IZA tem em mãos uma verdadeira mina de ouro. Se bem aproveitad­as, as canções podem colocar a cantora no mesmo patamar de grandes estrelas da música pop. O tempo dirá.

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