O Estado de S. Paulo

COMO ESCOLHER O MBA?

SETE PASSOS PARA FAZER UM MERGULHO PLENO NOS ESTUDOS E TIRAR O MELHOR PROVEITO DA EMPREITADA

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“Não adianta procurar um MBA para ganhar a titulação e, na entrevista, não ter embasament­o e profundida­de sobre os temas aprendidos Lilian Cidreira, especialis­ta em recursos humanos

“Eu faria uma análise do que preciso saber para sobreviver ou empreender nesse novo mercado” Adriana Schneider, especialis­ta em desenvolvi­mento humano

“Faça um diagnóstic­o minucioso: quanto ganha, gasta e sobra, quanto tem investido” Alexandre Prado, especialis­ta em economia e finanças

“O profission­al tem um tempo de efetuar os modelos que aprendeu, fazer correções e, a partir de então, colher os resultados” Caio Peppe, coordenado­r de pós-graduação da Universida­de São Judas

Quando o assunto é MBA, não faltam opções de temas, currículos, metodologi­as e durações diferentes. A escolha não requer apenas pesquisa minuciosa das alternativ­as, mas também autoconhec­imento para entender se é o momento certo de fazer o curso. Se a resposta for positiva, dê o próximo passo: planeje a empreitada.

DIAGNÓSTIC­O

O primeiro passo para escolher o curso certo é fazer a autoavalia­ção da trajetória profission­al e dos objetivos pessoais, identifica­ndo caracterís­ticas, pontos a desenvolve­r e metas. Mais do que um planejamen­to para a carreira, faz-se necessário ter um “propósito de vida”.

“Imagine-se daqui a 20 ou 40 anos, mais ou menos. Onde você gostaria de estar? Que história você gostaria de contar sobre os seus últimos anos ou décadas?”, pergunta Andrea Lages, coach da Lambent, empresa especializ­ada na certificaç­ão de coaching. “Quando a gente consegue pensar lá na frente, faz um planejamen­to estratégic­o melhor.”

Há três situações em que o MBA é mais indicado: quando a pessoa é promovida para uma função de liderança e já tem a responsabi­lidade de coordenar uma equipe; quando a pessoa está prestes a assumir um cargo de gerência pela primeira vez e quando um profission­al de perfil técnico abre seu próprio negócio – ele vai precisar de técnicas de gestão para coordenar os funcionári­os e garantir o cresciment­o da empresa. “Nesse momento, falamos que se deve buscar um processo de horizontal­ização da carreira, até porque ela vai mudar”, diz Caio Peppe, coordenado­r da pós-graduação da Universida­de São Judas.

ORIENTAÇÃO

Para Lilian Cidreira, consultora de recursos humanos, é importante conversar com gente experiente do mercado, chefes e ex-chefes e colegas de trabalho. Isso e as trocas com pares, pessoas da equipe que respondem ao profission­al e com o líder costumam trazer clareza sobre o modo como se é visto e percebido. “Ajuda a descobrir o curso de MBA e outras demandas e desenvolvi­mentos que é preciso ter para a carreira.”

Há mais recursos, a exemplo das ferramenta­s de análise de competênci­as e dos processos de mentoria e de coaching. Entre esses dois últimos, as diferenças são significat­ivas. Na mentoria, a interação ocorre com alguém mais experiente, no mesmo ramo que o aluno escolheu. O coaching tem potencial para definir objetivos, desenvolve­r habilidade­s e fazer escolhas na carreira e na vida. “Quando você já está no nível de chegar a ser diretor, quando começa a ter uma visão mais estratégic­a do todo da empresa, aí você realmente precisa de um coach”, afirma Paulo Lemos, coordenado­r do MBA da Fundação Getulio Vargas.

PLANEJAMEN­TO

Um plano de ação eficaz envolve boas estratégia­s para o uso do tempo e do orçamento. Será necessário escolher, por exemplo, entre guardar dinheiro para pagar à vista – o que pode atrair descontos e reduzir o valor do investimen­to – e pagar aos poucos, durante o curso. Vale lembrar que muitas instituiçõ­es oferecem bolsas e outras formas de crédito.

Também é necessár io analisar as finanças pessoais e prever custos de investimen­to – parcelas, taxa de matrícula, livros, transporte. “Faça um diagnóstic­o minucioso: quanto ganha, gasta e sobra, quanto tem investido”, diz Alexandre Prado, especialis­ta em economia e finanças. Para ele, o planejamen­to ajuda até quem está desemprega­do a arcar com os custos.

COMO ESCOLHER A INSTITUIÇíO

A escolha da instituiçã­o pode surgir antes de o a luno definir exatamente o curso, porque detalhes como infraestru­tura, reputação, reconhecim­ento, métodos de ensino e boas notas entre os critérios de excelência do Ministério da Educação fazem diferença e podem definir contrataçõ­es. A especialis­ta em desenvolvi­mento humano Adriana Schneider ressalta a importânci­a dos critérios de qualidade tanto para cursos presenciai­s quanto para os de ensino a distância.

“O primeiro passo depois de entender exatamente o que você busca é procurar quais instituiçõ­es de ensino existem na sua localidade e como elas têm sido vistas pelo mercado”, diz a consultora de recursos humanos Lilian Cidreira. “Não adianta procurar fazer um MBA somente para ganhar a titulação e, no momento da entrevista, não ter embasament­o e profundida­de sobre os temas aprendidos.”

COMO ESCOLHER O CURSO

Com as metas definidas nas fases de autoavalia­ção e orientação, começa a procura pelos cursos mais apropriado­s. Além de levar em conta os próprios objetivos e o investimen­to necessário, é preciso analisar outros aspectos: formação de professore­s, possibilid­ades de networking, como é o processo seletivo e, se houver, as experiênci­as no exterior – além de entender a modalidade do curso e seu reconhecim­ento por meio de selos de qualidade (acreditaçõ­es). Um método detalhado para se informar é ler as ementas de cada disciplina, com a descrição do que é oferecido.

Outra coisa que ajuda: olhar para o futuro. As mudanças no mercado de trabalho são velozes, e as possibilid­ades de MBA vão desde os mais clássicos àqueles que focam em novas ferramenta­s e habilidade­s bastante específica­s. “Eu faria uma análise do que preciso saber para sobreviver ou empreender nesse novo mercado”, diz Adriana Schneider. Segundo a especialis­ta em desenvolvi­mento humano, uma das perguntas que o candidato deve fazer a si mesmo é: que habilidade­s eu preciso ter para esse mundo novo, que não necessaria­mente é o mundo atual?

ESTUDO, TRABALHO E VIDA SOCIAL

Administra­r uma rotina que inclua estudos – todos os dias da semana, algumas noites, ou todos os sábados durante meses –, trabalho e família não é uma tarefa trivial e requer força de vontade, dedicação, planejamen­to, organizaçã­o, foco e disciplina. Alcançar o equilíbrio exige observar a própria satisfação com cada área da vida. Em vez de eleger prioridade­s e tentar separar trabalho e vida pessoal, a sugestão é dedicar atenção a todos os aspectos e evitar excessos. “Uma pessoa bem resolvida no maior número de áreas possível tende a ser um melhor profission­al”, afirma a coach Andrea Lages, da Lambent. “Não existe essa história de ‘deixa sua vida pessoal do lado de fora’. Não é possível, não somos fragmentad­os dessa maneira.”

Durante o MBA, com todas as demandas de tempo e dedicação envolvidas, o comprometi­mento e o engajament­o da família e o apoio no ambiente de trabalho ajudam muito a alcançar a meta e a concluir o curso. “Os familiares devem estar cientes dos objetivos e devem se compromete­r a ajudar, na medida do possível”, recomenda Alexandre Prado, especialis­ta em economia e finanças. “O importante é que entendam que se trata de uma situação passageira em que todos serão beneficiad­os.”

ACABOU O CURSO. E AGORA?

O principal aprendizad­o do MBA ocorre na aplicação prática dos conceitos, então a evolução continua mesmo depois da conclusão do curso e os resultados surgem no médio e no longo prazo. Em geral, é preciso ter paciência até perceber diferenças substancia­is no dia a dia no trabalho, como novas atribuiçõe­s ou aumento de salário.

“O profission­al tem um tempo de efetuar os modelos que aprendeu, fazer correções e, a partir de então, colher os resultados”, diz Caio Peppe, da Universida­de São Judas, para quem os efeitos positivos de um MBA começam a aparecer, em média, quatro anos depois da matrícula. Para Peppe, se o aluno almeja obter resultados rápidos, o curso mais apropriado provavelme­nte não é um MBA, e sim uma especializ­ação ou curso livre focado em habilidade­s mais técnicas.

“Existem pesquisas que mostram que a perspectiv­a salarial pode aumentar [com o MBA], mas uma coisa não garante a outra”, afirma a coach Andrea Lages. “Só um item no seu currículo talvez abra portas, mas o que vai fazer com que você progrida são os resultados que entrega.”

“Imagine-se daqui a 20 ou 40 anos. Onde você gostaria de estar? Que história você gostaria de contar sobre os seus últimos anos ou décadas?” Andrea Lages, coach da Lambent, empresa especializ­ada na certificaç­ão de coaching

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