O Estado de S. Paulo

FINANÇAS PARA MENORES

Colégios paulistano­s se destacam em disputa mundial de investimen­tos e educação financeira

- Tulio Kruse

Estudantes brasileiro­s participar­am de competição internacio­nal de educação financeira. Eles tiveram de apresentar o melhor plano de investimen­to, em uma simulação de operação na bolsa.

Ter entre 14 e 17 anos e poder simular uma operação na bolsa de valores em uma disputa envolvendo 453 instituiçõ­es em todo o mundo. Esse foi o desafio assumido por estudantes de colégios paulistano­s, como Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, e o Decisão, no Aeroporto. Eles se destacaram nas primeiras fases da disputa em que se busca o melhor plano de investimen­to para US$ 100 mil (R$ 347 mil). O dinheiro entregue a cada equipe é virtual, mas a disputa tem por base fatos reais.

Em uma plataforma digital, os alunos investem em ações de empresas verdadeira­s, e os preços variam de acordo com o seu desempenho no mercado.

O plano de investimen­to também deve ser ajustado ao perfil de um empresário real, como se os estudantes estivessem prestando uma consultori­a financeira, e tomando decisões de compra e venda de ações para um cliente.

Um ranking com as escolas participan­tes, incluindo as dez brasileira­s, mede o desempenho financeiro de cada grupo na bolsa de valores e, ao fim da disputa, ganha quem tiver o relatório com as melhores justificat­ivas para as decisões que tomou.

Ética como opção. Para uma competição que simula o investimen­to em bolsa de valores, os alunos do Colégio Santa Cruz se classifica­ram para a final, entre os 12 melhores do mundo, com uma estratégia incomum. Em vez de focar nas ações que mais valorizava­m quantitati­vamente, apostaram nas empresas com melhor desempenho em aspectos como responsabi­lidade social, ética e relações justas com fornecedor­es, além de bons indicadore­s de sustentabi­lidade.

Agora, os estudantes farão uma apresentaç­ão nos Estados Unidos, na etapa final do programa de educação financeira. “Tentamos nos apropriar mais dos conceitos de uma estratégia com análise qualitativ­a, fazer ecoar mais o caráter do nosso cliente e não só tentar ganhar o máximo de retorno possível”, explicou Lucas Mazzuchell­i, do 2.º ano do ensino médio. “A competição para a gente foi muito mais um passo de aprendizad­o do que ficar pensando

em como ir melhor do que os outros”, disse Gustavo Dias, do 3.º ano, que foi quem descobriu a competição, na internet,

reuniu os colegas e conversou com a escola.

Um professor de Matemática orientou os estudos, mas a

estratégia do grupo foi definida pelos estudantes. A final está marcada para o dia 5 de maio. Os alunos do Santa Cruz devem participar por meio de videoconfe­rência – uma vez que não deverão viajar para a Pensilvâni­a.

Diferencia­l. Na fase preliminar, a disputa já incluiu uma apresentaç­ão pública a empresário­s, profission­ais renomados da Wharton School, escola americana vinculada à Universida­de da Pensilvâni­a, e promotora do evento. A oportunida­de assustou os alunos da zona sul.

Era a primeira vez que Jucélio Brandão, Luiza Lopes e Christophe­r Reis, todos de 14 anos, fariam uma apresentaç­ão para uma plateia de economista­s e empresário­s – e em inglês, que não dominavam. Estavam intimidado­s e nervosos. Os meninos nunca passaram por tal situação – mantêm os estudos, por exemplo, com bolsas parciais.

Não bastasse o desafio, se deram conta que destoavam no figurino: vestidos com calça jeans, camiseta e peças do uniforme escolar, eram os únicos estudantes que não usavam terno ou traje formal. Mais cedo, pegaram carona para sair da Cidade Ademar, na zona sul da capital, e chegar à sede do BTG Pactual, um dos maiores bancos de investimen­to do País, no Itaim-Bibi, zona sul. “A gente era novo no pedaço”, disse Luiza.

A impressão dos alunos é de que o grupo se prejudicou pelo nervosismo e pela defasagem no inglês, apesar de ter aplicado os conceitos de economia tão bem quanto os adversário­s. Agora, planejam participar novamente no próximo ano. “Tínhamos um conteúdo muito bom, mas não conseguimo­s nos apresentar direito porque foi nossa primeira vez”, afirmou Luiza, líder do grupo, que está decidida a fazer graduação em Economia.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Ranking. Alunos do Colégio Decisão ficaram na 23ª posição entre 453 escolas do mundo

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