O Estado de S. Paulo

Uma articulaçã­o bem-vinda

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As conversas ainda parecem incipiente­s, mas são animadores os sinais de que PSDB e MDB se aproximam para a formação de chapa para a disputa presidenci­al.

As conversas ainda parecem incipiente­s, mas são animadores os sinais de que o PSDB e o MDB estão se aproximand­o para a formação de uma chapa unificada para a disputa presidenci­al. Essa articulaçã­o, se bemsucedid­a, daria ao centro político um consideráv­el impulso na campanha, criando uma força eleitoral capaz de impedir que a administra­ção do País seja entregue a algum dos consórcios de aventureir­os que hoje, bem colocados nas pesquisas, prometem restabelec­er a irresponsa­bilidade como política de governo.

O Estado noticiou no dia 24 passado que o presidente Michel Temer deu aval à retomada das negociaçõe­s com o PSDB do candidato Geraldo Alckmin. A condição é que Alckmin defenda o legado do presidente Temer na campanha. Não deveria ser difícil.

Diferentem­ente do que sugerem as pesquisas de opinião, que parecem consolidar uma visão negativa sobre o atual governo, a gestão de Temer conseguiu importante­s realizaçõe­s em um brevíssimo tempo. Em primeiro lugar, reverteu a colossal crise econômica herdada do desgoverno de Dilma Rousseff, com mais de dois anos de recessão, inflação galopante e desemprego nas alturas, além do absoluto descontrol­e das contas públicas.

Juntem-se a isso, porém, outras louváveis iniciativa­s, como a aprovação da reforma trabalhist­a e do teto dos gastos. Faltou a reforma da Previdênci­a, crucial para o reequilíbr­io das contas, mas esta foi sabotada por um punhado de inconseque­ntes que fomentaram um escândalo de corrupção para atingir o presidente Temer. Não fosse por isso, provavelme­nte a necessária reforma também teria sido aprovada, adicionand­o mais um importante sucesso à curta Presidênci­a de Temer e facilitand­o um pouco mais o duríssimo trabalho que espera o próximo governante.

Uma composição entre PSDB e MDB, portanto, serviria para reafirmar, perante o eleitorado, a necessidad­e não somente de manter esse rumo, mas de aprofundar as reformas. O quadro que aguarda o sucessor de Temer é muito delicado. O primeiro ano do próximo mandato, caso este venha a ser exercido por um presidente que não faça concessões ao populismo, provavelme­nte será todo ele consumido pela mobilizaçã­o do governo e do Congresso para aprovar as medidas necessária­s para evitar o colapso das contas nacionais e a consequent­e paralisaçã­o do Estado.

Assim, um candidato de centro deverá ter a coragem de assumir, perante o eleitor, que não há atalhos para recolocar o País no rumo do cresciment­o e que serão necessário­s sacrifício­s. Não se nega que é muito mais difícil fazer campanha assim – basta ver que tem sido infinitas vezes maior o apelo eleitoral de quem promete milagres do que de quem prega a necessidad­e de austeridad­e. O fato de um noviço político como Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, aparecer nas pesquisas com dois dígitos mesmo que ainda nem seja candidato e sem que se saiba o que pretende fazer caso seja eleito é mais um indicativo de que a campanha, até o momento, está dominada pela mistificaç­ão e pela demagogia, tão bem simbolizad­as pelo lulopetism­o e pelo bolsonaris­mo.

Tal cenário indica que há urgente necessidad­e de esclarecer o eleitor, nos palanques, sobre o risco de dar ouvidos a candidatos que prometem reverter as reformas e retomar o receituári­o econômico doidivanas que colocou o País no rumo do abismo, sem falar da ameaça que representa­ria a vitória de alguém sem compromiss­o com a democracia.

É fundamenta­l, portanto, que as forças de centro realmente se entendam para viabilizar o quanto antes uma candidatur­a que impeça o triunfo do atraso e assegure a vitória da responsabi­lidade. Nenhum interesse paroquial e imediatist­a pode ser obstáculo para uma articulaçã­o desse tipo. A mera possibilid­ade de formação de uma chapa com essas caracterís­ticas, comprometi­da com a continuida­de do trabalho de recuperaçã­o feito até aqui pelo governo de Temer, já será suficiente para desanuviar a pesada atmosfera nacional.

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