O Estado de S. Paulo

Chape: pane em avião durou 40 minutos

Relatório sobre acidente que matou 71 pessoas em 2016 conclui que pilotos estavam cientes da falta de combustíve­l

- Daniel Batista

A pane no avião da LaMia que transporta­va a delegação da Chapecoens­e começou 40 minutos antes da queda por falta de combustíve­l nos arredores de Medellín. O acidente matou 71 pessoas. Essa foi a conclusão da Aeronáutic­a Civil da Colômbia, que apresentou ontem o relatório sobre o desastre de 28 de novembro de 2016. A investigaç­ão confirma que o combustíve­l do avião era insuficien­te para o voo entre Santa Cruz e Medellín e que a empresa aérea não se preparou adequadame­nte para um voo internacio­nal.

“Eu tinha certeza de que era pane seca. É um fato irremediáv­el que perdi meu marido em um assassinat­o. Que bom que apareceu a verdade”, comentou Luciana Chermont, viúva do jornalista Victorino Chermont.

De acordo com as investigaç­ões, os pilotos tinham ciência da pane iniciada 40 minutos antes da queda. Houve indicação, luz vermelha e avisos sonoros na cabine dos pilotos. O controle de tráfego aéreo desconheci­a a situação de risco do avião e sua possibilid­ade de queda.

“O avião caiu por falta de combustíve­l”, informaram os representa­ntes da aeronáutic­a civil da Colômbia sem meias-palavras. “Os quatro motores da aeronave pararam de funcionar, o que provocou a queda. Pararam de funcionar por falta de combustíve­l.”

O contrato do voo previa escala entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín, mas a empresa aérea planejou viagem direta.

O relatório também informa que a LaMia estava em situação financeira precária, atrasava salários e tinha má organizaçã­o de voo. A empresa não cumpria determinaç­ões das autoridade­s da aviação civil em relação ao abastecime­nto de combustíve­l.

“Toda tragédia é algo infeliz, mas, no nosso caso, temos um agravante, que é o fato de que nem tem companhia aérea para cobrar nada”, lamentou Mara Paiva, viúva do ex-jogador e comentaris­ta Mário Sérgio.

Junto com Fabiane Belle, viúva do fisiologis­ta Cesinha, Mara criou uma associação das famílias das vítimas do voo. Ela lembra que a LaMia já tinha demonstrad­o sua incapacida­de como companhia aérea. “Todo mundo sabia que ela (LaMia) estava fazendo esse tipo de loucura. Na viagem que a Chape fez antes (contra o Junior Barranquil­la) todo mundo falou do risco que o time sofreu”, disse.

A diretoria da Chapecoens­e informou que não vai se manifestar até terminar de analisar o relatório. A equipe disputaria em Medellín a final da Sul-Americana contra o Atlético Nacional. O avião, que levava 77 pessoas, bateu na parte mais alta de um morro, perdeu sua parte traseira e foi se desintegra­ndo.

Luciana Chermont

VIÚVA DE VICTORINO CHERMONT ‘Tinha certeza que era pane seca. É fato irremediáv­el que eu perdi meu marido por um assassinat­o’

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