O Estado de S. Paulo

Jungmann diz que UPPs serão reduzidas

Polícia Pacificado­ra será ‘reformulad­a’ e agentes, realocados; número de unidades extintas não foi revelado, mas mudança pode atingir 19 de 38

- Fábio Grellet Constança Rezende / RIO

O ministro Extraordin­ário da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou ontem de manhã, durante evento no Rio, que algumas Unidades de Polícia Pacificado­ra (UPPs) serão extintas e outras, incorporad­as a batalhões vizinhos. Jungmann não informou quantas nem quais UPPs vão acabar.

À tarde, uma entrevista convocada pela PM para anunciar mudanças no programa foi cancelada. O motivo alegado foi “agenda supervenie­nte”. Depois, a Secretaria de Segurança divulgou nota em que usa um eufemismo – “realinhame­nto” – para falar da reforma no projeto, mas não informa quantas nem quais unidades vão acabar.

As mudanças confirmada­s oficialmen­te foram poucas. Uma é a transforma­ção das UPPs Batan e Vila Kennedy, na zona oeste, em companhias destacadas do 14.º Batalhão (Bangu), responsáve­l pela área onde funcionava­m essas UPPs. Outra é a mudança na UPP Mangueirin­ha, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), que “será incluída na dinâmica operaciona­l do 15.º Batalhão (Duque de Caxias)”. Ou seja, seus integrante­s agora serão incorporad­os ao BPM local. A extinção das UPPs Batan e Vila Kennedy já fora anunciada em 20 de março, pelo general Mauro Sinott, chefe do Gabinete da Intervençã­o Federal (GIF).

Segundo a nota divulgada ontem pela pasta, “o realinhame­nto das 38 UPPs está sendo conduzido pelo Gabinete de Intervençã­o Federal, com base no diagnóstic­o iniciado pela Polícia Militar em 2017”. Em 1.º de fevereiro passado, ainda antes da intervençã­o, o então comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Wolney Dias, afirmou que havia um estudo para extinguir 18 das 38 UPPs.

No dia seguinte, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) negou que a extinção estivesse nos planos do governo. Catorze dias depois, o presidente Michel Temer (MDB) decretou intervençã­o federal na segurança do Rio. A partir daí, o debate sobre a extinção das UPP passou a se concentrar no GIF. Após reunião anteontem, em que foram acertadas as mudanças nas UPPs, especulaçõ­es davam conta de que 12 delas serão extintas e outras sete vão ser absorvidas por unidades vizinhas. Objetivos. Pela manhã, Jungmann disse que o modelo de UPP criado pelo Estado do Rio “não está mais cumprindo os seus objetivos”. “Houve uma expansão maior do que as pernas. O projeto foi além das possibilid­ades de manutenção do Estado”, afirmou.

O ministro ainda lamentou a falta de investimen­tos sociais nas comunidade­s que receberam UPPs. “O Estado deveria ter entrado com educação e saúde (nas favelas), o que não foi feito”, declarou.

Segundo Jungmann, as comunidade­s que vão perder as UPPs ganharão “grupos de destacamen­tos”, que farão o policiamen­to nas regiões. Ele não falou em contingent­e. “Se as UPPs não estavam com capacidade de cumprir as suas funções, é melhor que esses policiais sejam reintegrad­os à atividade policial”, justificou.

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TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL Jungmann. ‘Não está mais cumprindo os objetivos’

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