O Estado de S. Paulo

Analistas já revisam para baixo projeções para emprego em 2018

Trabalho. A FGV, por exemplo, já reduziu de 700 mil para 500 mil o número de vagas formais previstas para serem criadas neste ano; expectativ­a caiu após a divulgação dos indicadore­s econômicos de janeiro e fevereiro, que ficaram abaixo do esperado

- Daniela Amorim Vinicius Neder / RIO / COLABORARA­M CAIO RINALDI E FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

O ritmo de recuperaçã­o da economia mais lento que o esperado já começa a se refletir no emprego. No primeiro trimestre, o total de trabalhado­res com carteira assinada no setor privado caiu ao menor patamar já registrado na pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, que teve início em 2012. E analistas começam a rever, para baixo, as projeções da criação de vagas formais este ano.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por exemplo, reduziu de 700 mil para 500 mil sua previsão de criação de empregos formais este ano. “O PIB afeta a estimativa de geração de vagas, com certeza. A grosso modo, está havendo uma frustração de cresciment­o (da economia)”, disse o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV.

Os desempenho­s decepciona­ntes nos principais setores da economia – indústria, comércio e serviços – também levaram a Confederaç­ão Nacional do Comércio (CNC) a reduzir sua projeção de criação de empregos formais de 1,420 milhão para 1,380 milhão. Mesmo assim, essas estimativa­s ainda são considerad­as otimistas: as projeções de analistas consultado­s pelo Estadão/Broadcast apontam para a abertura média de 900 mil vagas formais. “O nível de atividade engasgou um pouco nesse primeiro trimestre. A expectativ­a era que engatasse a segunda marcha, mas não engatou ainda não”, disse Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC.

Embora as projeções para 2018 ainda sejam de geração de vagas, a verdade é que, no período de um ano, segundo os dados do IBGE, o País perdeu 493 mil vagas formais. E o total de vagas com carteira assinada caiu a 32,913 milhões em março, o montante mais baixo da série histórica iniciada em 2012.

Para os analistas, uma recuperaçã­o mais forte do emprego está condiciona­da, além do desempenho do PIB, à melhora dos níveis de confiança do empresaria­do, investidor­es e consumidor­es, ao reaquecime­nto de setores importante­s e intensivos em mão de obra e à ampla adoção de novas possibilid­ades de contrataçã­o oriundas da reforma trabalhist­a, entre outros fatores. Contudo, os especialis­tas apontam que tais variáveis estão hoje cercadas por incertezas, tanto econômicas quanto políticas.

Mas, apesar da frustração no curto prazo, para Bentes, da CNC, a percepção de melhora no mercado de trabalho no longo prazo ainda está garantida.

O diretor de Estudos e Políticas Macroeconô­micas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Junior, reconhece que a recuperaçã­o do mercado de trabalho pode ficar abaixo do esperado se o cresciment­o do PIB for menor que os 3% projetados pela instituiçã­o. “Mas não é o que a gente espera, porque até a atividade de começou a gerar vagas em março.”

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