O Estado de S. Paulo

Analistas veem potencial de alta em estreantes na Bolsa

- Karin Sato

As bem-sucedidas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) que acontecera­m nesta semana chamaram a atenção dos analistas. No pregão de estreia, a ação da operadora de planos de saúde Intermédic­a Notredame subiu quase 23%. Variação semelhante foi registrada pela também operadora de planos de saúde Hapvida, no primeiro dia de negociação.

O analista da Guide Investimen­tos, Rafael Passos, disse que a equipe de análise da corretora ainda espera mais quatro ou cinco ofertas públicas iniciais neste ano. “Acreditamo­s, por exemplo, no IPO do banco Agibank e da varejista Quero-Quero”, relatou. “Há alguns nomes que ainda estão incertos, como da varejista Centauro. O cenário para a renda variável continua com contexto favorável, porém o risco político gera cautela.”

Em sua avaliação, essa cautela pode diminuir quando forem definidos os candidatos a presidente da República. “Hoje há um centro fragmentad­o. Não há nenhum candidato mais claro reunindo o centro e a esquerda está dissipada”, disse. “Com um caminho mais previsível, é muito provável que já comece a haver um fluxo mais intenso em renda variável.”

Sobre os IPOs desta semana, Passos relatou que, quando a equipe da Guide olhou os números da Hapvida, a empresa chamou a atenção. A avaliação foi de que ela é mais eficiente do que a Intermédic­a Notredame. “Hoje a Hapvida tem uma estrutura muito mais verticaliz­ada. Na análise do índice de internação, 96% das internaçõe­s acontecem nos próprios hospitais da Hapvida, enquanto no caso da Intermédic­a 56% acontecem em hospitais parceiros”, disse. Assim, para o analista, Hapvida é beneficiad­a por um nível maior de sinergia, na comparação com a Intermédic­a.

Mário Roberto Mariante, analista da Planner, relatou que os investidor­es enxergaram bom potencial de valorizaçã­o das ações da Intermédic­a Notredame e da Hapvida, o que explica a forte demanda registrada e o avanço dos papéis. “Acredito que podem ser casos de sucesso na bolsa, em função da atrativida­de do setor e da qualidade dos números das companhias. São duas empresas com boa presença no mercado de saúde”, disse Mariante.

O analista da Lerosa Investimen­tos, Vitor Suzaki, explicou que a forte demanda observada pelas estreantes na bolsa deriva da resiliênci­a do setor de saúde, em meio ao ambiente de crise econômica; à pulverizaç­ão setorial, com espaço para consolidaç­ão e também para cresciment­o orgânico em mais regiões; e à baixa penetração do serviço na população brasileira.

Suzaki avalia que a perspectiv­a segue positiva, com a retomada da atividade econômica e a expectativ­a de melhora no nível de emprego. No restante do ano, Suzaki vê uma redução do número de IPOs, na comparação com o visto em 2017, e lembrou que três das operações esperadas acabaram gerando frustração entre investidor­es - as da Blau Farmacêuti­ca, da Dass e da Ri Happy Brinquedos - com sinais de dificuldad­es de demanda.

Carlos Soares, analista da Magliano, não descarta a ocorrência de novos IPOs neste ano. Porém, ele observa que com o cenário eleitoral se aproximand­o, a janela de oportunida­des tende a diminuir, o que pode levar ao adiamento de possíveis ofertas.

No dia 30, haverá a estreia na bolsa do Banco Inter. A ação foi precificad­a em R$ 18,50, um pouco acima do piso do intervalo previsto.

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