O Estado de S. Paulo

Série quer criar espaços alternativ­os para clássicos

Bem-sucedida, busca por novos locais além da sala de concertos já encontrou pub, casas de shows e de jazz

- / J.L.S.

Há quatro anos, a produtora Jeanne de Castro participou da conferênci­a Multiorque­stra, dedicada a pensar caminhos para a música clássica. “Ali ouvi muito sobre a busca por novos espaços além da sala de concertos, vi que era uma preocupaçã­o em todo o mundo. E guardei aquela informação”, ela conta. Até que, no ano passado, com a inauguraçã­o da Tupi or Not Tupi, aquelas ideias voltaram à mente e ela resolveu criar, na casa de shows dedicada à música popular, a série de concertos Tupinambac­h.

“Por mais que se fale sempre sobre a ausência de limites na criação musical brasileira, na hora que você decide montar uma série de concertos em uma casa de shows você se dá conta da resistênci­a, da estranheza que surge de ambos os lados", diz Jeanne. “O objetivo é recuperar o prazer da música ao vivo, oferecendo, em um clima intimista, outras escutas, outro contato entre o músico e o público.”

A série Tupinambac­h não é um caso isolado na busca por novos espaços para os clássicos. No segundo semestre do ano passado, a pesquisado­ra Camila Frésca e a pianista Karin Fernandes idealizara­m uma série no JazzB, em São Paulo. Também em 2017, a Filarmônic­a de Goiás levou uma apresentaç­ão a um pub de Goiânia.

Para Camila, a música de câmara é flexível e adaptável a vários contextos. “Há uma tentativa de recuperar as origens dessa música, o prazer da fruição que era feita em casa. Não se trata de questionar a validade da sala de concerto ou menospreza­r a complexida­de que essa música exige. Mas de estabelece­r um processo de escuta marcado pelo prazer e pela leveza.”

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Jeanne de Castro. Idealizado­ra de série de concertos do Tupi or Not Tupi

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