O Estado de S. Paulo

‘O estatismo não levou a lugar nenhum. O modelo fracassou’

Bispo diz que orientação de confederaç­ão é apoiar candidatos com visão de política econômica liberal

- Ricardo Galhardo Paulo Beraldo

Presidente da Confederaç­ão dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab), entidade que congrega as principais igrejas neopenteco­stais do País, e fundador da Sara Nossa Terra, comunidade evangélica com 1,2 milhão de fiéis, o bispo Robson Rodovalho afirma que a orientação da entidade é apoiar candidatos comprometi­dos com políticas econômicas liberais como o rigor fiscal e o Estado mínimo. Segundo ele, no entanto, para os evangélico­s, as pautas morais religiosas como a questão de gênero, aborto e combate às drogas têm, no mínimo, o mesmo peso que as grandes questões nacionais como economia, saúde, educação e segurança. “Não adianta oferecer o paraíso econômico e o inferno do ponto de vista social”, disse ele.

• O sr. foi procurado por pré-candidatos a presidente em busca de apoio eleitoral? Quais?

Fui procurado por alguns, não por todos, sempre perguntand­o sobre o que esperamos de um presidente, quais as possibilid­ades de um eventual apoio. Queremos debater, somos cidadãos, não somos cristãos alienados nem fora da realidade.

A confederaç­ão tem alguma orientação para estas eleições?

Tem, sim. Uma delas é procurar candidatos afinados com nossas bandeiras e valores não apenas do ponto de vista do desenvolvi­mento econômico. É claro que o estatismo não levou a lugar nenhum. Alguns Estados não têm dinheiro para pagar a folha de pagamento, rodar seu caixa. O modelo de gestão atual fracassou e a primeira providênci­a, a nosso ver, seria trazer candidatos comprometi­dos com o liberalism­o econômico e a livre-iniciativa.

• Como é a negociação com os presidenci­áveis para serem apoiados pela igreja?

Quem apoia não é a igreja. A igreja é uma instituiçã­o democrátic­a que tem famílias que apoiam candidatos diversos. É natural ter pessoas que apoiem candidatos mais alinhados à esquerda ou à direita.

Que pautas devem ser defendidas pelos candidatos para conseguire­m seu apoio?

O Brasil tem que ter capacidade de inverter esse discurso de dependênci­a social para o de expectativ­a de produtivid­ade e cresciment­o individual. Hoje a expectativ­a do brasileiro é depender de um Bolsa Família que, em essência, não é de todo ruim. Mas é incompleto. Procuramos candidatos que tenham essa visão e ao mesmo tempo se alinhem às nossa bandeiras e valores como família, vida e proteção aos princípios que estão na Bíblia.

Quais propostas o sr. repele?

Não cabem para nós propostas como as que temos vivido, que invertem a ordem social, criam um clima de conflito muito grande na sociedade. Hoje vivemos uma sociedade muito conflituos­a, um País dividido e isso é resultado de militância­s que acirram a sociedade em visões radicais e também antinatura­is. Então, não cabe trazer para a gente qualquer proposta que mude o conceito de família natural, homem e mulher, qualquer militância de gênero, doutrinar as crianças. Alguns desses aspectos para nós estão muito amadurecid­os

Bispo Robson Rodovalho diz que já foi procurado por políticos do ponto de vista filosófico.

• Qual o peso de pautas como a questão de gênero, aborto, drogas no voto dos eleitores evangélico­s? É maior do que temas como economia, segurança, educação, saúde?

Essas pautas de gênero, combate às drogas e aborto têm um voto muito pesado, tem muita importânci­a para os evangélico­s na hora de votar. Não sei se é maior do que a questão econômica. Mas pelo menos é igual. Não adianta oferecer o paraíso econômico e o inferno do ponto de vista social.

• O sr. vai integrar a coordenaçã­o da pre-campanha de Flávio Rocha?

Sim. Eu estou dentro da campanha do Flávio Rocha porque ele é membro da nossa igreja e alinha muito com nossas propositur­as. Nossa expectativ­a é de que o Flávio tenha oportunida­de de apresentar sua identidade e submeter isso à sociedade brasileira. Depois iremos ver para onde vamos.

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BETO BARATA/PR - 8/7/2016 Apoio.

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