O Estado de S. Paulo

Deputados tentam dobrar valor das emendas parlamenta­res

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A crise política envolvendo o governador paulista Márcio França (PSB) e o presidente da Assembleia Legislativ­a, Cauê Macris (PSDB), abriu caminho para que os deputados estaduais viabilizem um antigo pleito que costuma ser podado pelo Executivo: dobrar o valor das emendas parlamenta­res, cotas de recursos do Orçamento que eles indicam para investimen­tos em suas bases eleitorais.

A proposta de emenda à Constituiç­ão (PEC) foi apresentad­a no início deste mês pelo deputado Jorge Caruso (PMDB) e conta com 46 apoiadores – ao todo, a Casa tem 94 deputados. Atualmente, a Constituiç­ão garante aos parlamenta­res uma cota de emendas no Orçamento que correspond­e a 0,3% da receita corrente líquida do Estado no ano anterior. Hoje, o valor equivale a cerca de R$ 4,5 milhões por deputado. A proposta é elevar essa cota para 0,6% da receita a partir do ano que vem, aumentando o valor das emendas individuai­s para R$ 9 milhões.

Nos bastidores, parlamenta­res dizem que o cenário é favorável para aprovar a medida porque o presidente Cauê Macris tem prometido colocar os projetos de autoria dos parlamenta­res em votação como forma de prestigiar os deputados em ano eleitoral e obter mais apoio do que o grupo de França.

“Tem um clima favorável. Este ano foi o primeiro das emendas impositiva­s (o governo é obrigado a cumprir as indicações parlamenta­res) e tem dado certo, de forma mais republican­a e transparen­te. A questão das emendas é fundamenta­l, porque muitos municípios dependem disso”, disse o líder do PSDB, Marco Vinholi.

O governo, por sua vez, acha o momento inoportuno. “A verdade é que há 25 anos o PSDB comanda essa Casa e, mesmo quando o presidente foi o Rodrigo Garcia (DEM), sempre houve coerência e responsabi­lidade. Vamos debater o projeto ainda, mas creio que não seja o momento oportuno”, afirmou o líder Carlos Cezar (PSB).

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