O Estado de S. Paulo

Eleição de Cartes ao Senado abre nova crise

Para oposição, manobra é ilegal; se ele renunciar para virar senador, Paraguai teria mulher como presidente interina

- / F.S.

Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, venceu a eleição da semana passada e só assume a presidênci­a no dia 15 de agosto, mas o Paraguai já ensaia uma nova crise política. Tudo porque Horacio Cartes, que deve entregar o cargo para Benítez, foi eleito senador. No entanto, há no Paraguai uma grande discussão sobre a validade de sua candidatur­a. Os novos senadores assumem em julho – seis semanas antes do próximo presidente. Assim, Cartes teria de renunciar ao cargo para assumir sua cadeira.

A oposição, encabeçada pelo Partido Liberal e pela Frente Guasú, do ex-presidente Fernando Lugo, argumenta que a manobra é inconstitu­cional. Pela Constituiç­ão paraguaia, os ex-presidente­s podem se tornar senadores vitalícios – com direito a voz, mas não a voto. Assim, o grupo ameaça não aceitar a renúncia de Cartes.

Em setembro de 2008, uma crise parecida marcou os primeiros dias do governo de Lugo. O então presidente Nicanor Duarte havia sido eleito senador quando ainda ocupava a presidênci­a.

Na ocasião, o Senado destituiu Duarte da posição de senador ativo, transforma­ndo-o em vitalício. O imbróglio se resolveu porque Duarte, bastante impopular e desgastado com o fim do mandato, acatou a decisão e desistiu do cargo.

Agora, Duarte e Cartes faziam parte da lista de candidatos do Partido Colorado ao Senado. Ambos se apoiam em uma decisão judicial para se tornar senadores. A oposição, porém, promete briga. “Faremos de tudo para impedir que eles prestem juramento”, afirmou o senador liberal Miguel Abdón Saguier.

Cartes garantiu que renuncia em julho. Se levar adiante seus planos, pela primeira vez na história, o Paraguai terá uma presidente: Alicia Pucheta, ministra da Suprema Corte, assumiria o Executivo até a posse de Benítez.

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