O Estado de S. Paulo

País produz pouco detrito, mas contribui com limpeza

Especialis­ta da Agência Espacial Brasileira diz que projetos de remoção precisam de participaç­ão de todas as nações

- / F.C.

Segundo o tecnologis­ta Ademir Xavier Júnior, da Agência Espacial Brasileira (AEB), o Brasil tem atualmente uma dúzia de objetos em órbita, o que nos dá o status de “país lançador”. Com isso, a AEB tem a responsabi­lidade de registrar todos os objetos espaciais do País, para que seja possível contabiliz­ar possíveis impactos ambientais. O impacto do lixo espacial brasileiro, porém, é pequeno. A proporção de objetos lançados equivale a 0,95% do total dos que foram registrado­s pelos Estados Unidos e 0,76% dos registrado­s pela Rússia.

“Não é o caso de se dizer que inexiste impacto do lixo do Brasil, mas, certamente, as chances maiores de danos estão do lado das nações que mais lançam. É preciso lembrar que não são apenas satélites em órbita que contam, mas também resíduos de lançamento que não têm mais função uma vez finalizada a inserção em órbita”, disse Xavier ao Estado.

De acordo com Xavier, o desenvolvi­mento de tecnologia­s de “limpeza orbital” não terá sucesso se for dirigido apenas por um país. “Existem questões de jurisprudê­ncia internacio­nal envolvidas, além da necessidad­e de desenvolve­r técnicas que exigem orçamento proporcion­al ao tamanho do problema. As colisões sucessivas entre objetos em órbita e o aumento esperado de lançamento­s tornarão o problema do lixo espacial uma questão grave que exigirá a participaç­ão de todos os países lançadores”, disse.

O tecnologis­ta afirma que, além da operação do telescópio russo em Minas Gerais, o Brasil tem contribuíd­o com a “limpeza espacial” com a publicação de diversos estudos sobre mitigação do problema. Ele diz também que os dados internacio­nais de monitorame­nto desses objetos já são utilizados no planejamen­to das missões espaciais brasileira­s para evitar os riscos de impacto.

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