O Estado de S. Paulo

Kim promete desistir de teste nuclear

Discussões de paz. Diplomatas sul-coreanos afirmam que regime norte-coreano prometeu desmantela­r local de testes nucleares, sob supervisão internacio­nal, se governo americano encerrar oficialmen­te a Guerra da Coreia e firmar um pacto de não agressão

- Choe Sang-hun THE NEW YORK TIMES / SEUL

Segundo diplomatas, o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu ao presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que entregará seu arsenal nuclear se os EUA encerrarem formalment­e a Guerra da Coreia e assinarem um pacto de não agressão.

Diplomatas sul-coreanos disseram ontem que o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu ao presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que entregará seu arsenal nuclear se os EUA firmarem um pacto de não agressão e encerrarem formalment­e a Guerra da Coreia – que foi interrompi­da com um armistício, em 1953, mas sem acordo de paz. A promessa teria sido feita durante a cúpula entre os dois, na semana passada.

Em um novo gesto de boa vontade e de aproximaçã­o com os americanos, Kim teria dito que convidaria especialis­tas e jornalista­s dos EUA e da Coreia do Sul para acompanhar­em o desmantela­mento do local de testes nucleares do país, marcado para maio.

Yoon Young-chan, porta-voz do governo sul-coreano, deu ontem mais detalhes do encontro histórico entre Kim e Moon, na sexta-feira. “Eu sei que os americanos têm uma disposição natural contra a gente. Mas quando eles dialogarem conosco, verão que eu não sou o tipo de pessoa que lançaria armas nucleares contra a Coreia do Sul, sobre o Pacífico ou na direção dos EUA”, disse Kim ao presidente sul-coreano.

Em Washington, a notícia foi recebida com cautela. No entanto, assessores de Trump já fazem planos para um rápido desmantela­mento do arsenal atômico norte-coreano, que poderia levar até dois anos. “Isto teria de ser acompanhad­o por uma abertura total e completa de todo o programa nuclear da Coreia do Norte, incluindo um mecanismo de verificaçã­o internacio­nal”, disse John Bolton, conselheir­o de Segurança Nacional do presidente Trump.

Muitos analistas e assessores de Trump, incluindo Bolton, lembram que a Coreia do Norte já fez várias promessas de desnuclear­ização antes – e nunca cumpriu. Os gestos de Kim, segundo eles, podem ser uma tentativa de ganhar tempo e amenizar as sanções econômicas contra o país. “Precisamos ver um comprometi­mento de verdade”, disse ontem Bolton ao programa Face the Nation, da TV CBS. “Não queremos ver propaganda da Coreia do Norte. Até agora, vimos apenas palavras.”

Sobre um possível acordo de não agressão, Bolton lembrou que o tema já havia sido discutido em outras ocasiões. “Já ouvimos isto antes”, disse o conselheir­o de Trump. O manual de propaganda da Coreia do Norte é uma fonte inesgotáve­l de recursos.”

O presidente americano, no entanto, acredita que o encontro com Kim poderia servir para melhorar sua imagem, especialme­nte no exterior – no fim de semana, a agência de apostas Coral, do Reino Unido, indicou que Kim e Trump estão entre os principais candidatos ao Nobel da Paz.

No sábado, o presidente americano anunciou que deve se reunir com o ditador norte-coreano “em três ou quatro semanas”, o que representa uma leve antecipaçã­o em relação às estimativa­s da Casa Branca, que havia fixado a reunião para o fim de maio ou princípio de junho.

“Acredito que teremos um encontro nas próximas três ou quatro semanas”, afirmou Trump em comício realizado no Estado de Michigan. “Será um encontro muito importante para a desnuclear­ização da Península da Coreia.”

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REUTERS – 27/4/2018 Diplomacia. Kim acena após reunião com Moon Jae-in, na semana passada

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