O Estado de S. Paulo

Advogada diz que discussão precedeu ataque no Paraná

Ferida por estilhaços diz que antes dos disparos contra acampament­o em apoio a Lula um homem fez ameaça de morte

- Gilberto Amendola Edson Fonseca ESPECIAL PARA O ESTADO / CURITIBA

A advogada Márcia Koakoski, de 42 anos, uma das vítimas do ataque a tiros contra o acampament­o montado em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, na madrugada de sábado, afirmou que um bate-boca e ameaças de morte precederam o crime. Márcia foi ferida no ombro por estilhaços de um banheiro químico atingido por um dos disparos. “Fisicament­e não foi grave, mas estou abalada psicologic­amente”, disse.

“Acordei à uma e meia da manhã, com uma frenada brusca de carro. Ouvi gritos de ‘Bolsonaro presidente’, e xingamento­s aos vigilantes que estavam ali, nos guardando”, contou a advogada. Em seguida, de acordo com o depoimento, os seguranças do acampament­o reagiram soltando fogos de artifício para espantar os agressores. “Mas, nesse momento, um deles ameaçou o companheir­o dizendo: ‘vou voltar aqui e vou te matar”, relata.

Quando a discussão acabou, as pessoas no acampament­o pensaram se tratar de apenas mais uma bravata – sem consequênc­ias mais sérias. “Esse tipo de ameaça tem se tornado corriqueir­a”, afirmou. Então, Márcia se levantou e foi ao banheiro químico. De lá, ouviu novamente gritaria, rojões e aquilo que imaginou serem tiros. “Nessa hora, ouvi as pessoas gritando: ‘Tem baleado, tem baleado. Foi nesse momento que ouvi um estouro e um impacto em meu ombro.”

Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela polícia mostram um homem efetuando os disparos. A advogada é da cidade de Xangri-Lá, Rio Grande do Sul, e seguiu para Curitiba para passar três dias no acampament­o “Marisa Letícia”, para manifestar apoio ao ex-presidente Lula, preso no prédio da Polícia Federal desde o dia 7.

Além de Márcia, o presidente do sindicato dos motoboys de Santo André, Jefferson Menezes, também foi atingido. O caso dele é mais grave. Menezes foi alvejado no pescoço e permanece internado – o quadro dele é estável, mas sem previsão de alta. Um inquérito foi instaurado e Menezes deve prestar depoimento sobre o episódio.

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