O Estado de S. Paulo

Unidade coreana tira moeda de troca do presidente americano

- Mark Landler / THE NEW YORK TIMES / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Aunidade das duas Coreias complica o trabalho de Donald Trump antes de seu encontro com Kim Jong-un. Embora os dois líderes coreanos tenham prometido desarmar a região, não estabelece­ram nenhum cronograma e não definiram como. Mas concordara­m com a assinatura de um tratado de paz que encerre a Guerra da Coreia após quase sete décadas de hostilidad­es.

Esse acordo de paz debilita os dois instrument­os usados por Trump para pressionar Kim. A retomada da diplomacia entre as duas Coreias, dizem os analistas, enfraquece as sanções econômicas e torna mais difícil para Trump manter as ameaças de ação militar. Para satisfazer sua própria definição de sucesso, o americano terá de convencer Kim a aceitar uma “desnuclear­ização completa, verificáve­l e irreversív­el” – algo que ninguém acredita que ocorra. “A cúpula criou ainda mais expectativ­as, uma propaganda exagerada e mais pressão sobre Trump”, disse Victor Cha, da Universida­de de Georgetown.

O preço do fracasso será alto para os EUA, que correm o risco de uma ruptura com seu aliado sul-coreano, comprometi­do com o fim do conflito, e de aumento das tensões com a China, principal parceira comercial da Coreia do Norte. Não há dúvida que as sanções, combinadas com ameaças de Trump, ajudaram a convencer Kim a negociar. Mas Trump é só um dos três atores nesse drama. Moon, um progressis­ta, prometeu a conciliaçã­o com o Norte durante a campanha e faz de tudo para cumprir sua promessa. Foi ele, e não Trump, que estabelece­u o ritmo e os termos da negociação, embora autoridade­s americanas afirmem que Seul atue em coordenaçã­o com Washington. Já Kim apostou na diplomacia. Suas razões para a aproximaçã­o ainda não são claras. Analistas afirmam que os avanços do programa de mísseis, as sanções ou as ameaças militares criaram o momento oportuno. Outros dizem que ele está repetindo as provocaçõe­s de seu pai e de seu avô.

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