O Estado de S. Paulo

Espionagem da China preocupa americanos

Produtos chineses podem colocar softwares para ciberataqu­es nos escritório­s do governo

- David J. Lynch BLOOMBERG / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

O governo dos EUA está extremamen­te vulnerável à espionagem e a ciberataqu­es chineses em razão da sua dependênci­a de produtos eletrônico­s e software fabricados na China, um risco que deve aumentar à medida que Pequim busca um domínio tecnológic­o global, segundo estudo feito para uma comissão consultiva do Congresso americano.

Os produtos de tecnologia da informação fabricados por empresas de propriedad­e ou promovidas pela China podem ser modificado­s para funcionar mal, serem usados em espionagem ou, de algum modo, interferir­em nas operações do governo, informa o relatório da Security Review Commission.

“A maior parte dos US$ 90 bilhões anuais gastos pelo governo dos EUA em tecnologia da informação vai para a compra de produtos chineses, o que oferece a Pequim a possibilid­ade de colocar em escritório­s do governo americano software de espionagem e backdoors que podem ser usados para ciberataqu­es”, afirmou Jennifer Bisceglie, diretora da Interos Solutions, que conduziu o estudo.

O estudo foi divulgado em meio a uma disputa comercial cada vez mais áspera entre EUA e China, com Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, trocando ameaças de aumentos de tarifas. Depois de décadas de relacionam­ento comercial cada vez mais intenso, Trump agora acusa a China de “agressão econômica”, qualifican­do o país de potência econômica “hostil”.

As tecnologia­s avançadas são o foco de tensão que mais se destaca. Com base em seu programa “Made in China 2025”, o governo chinês vem canalizand­o US$ 300 bilhões para 10 setores estratégic­os, incluindo os de inteligênc­ia artificial, semicondut­ores e robótica. O objetivo é diversific­ar seu papel como fabricante de brinquedos e roupas e se tornar líder global nas tecnologia­s necessária­s para alcançar o domínio militar e comercial.

No mês passado, o representa­nte comercial dos EUA acusou a China de forçar empresas estrangeir­as a fornecer segredos comerciais em troca de acesso ao mercado chinês, e de lançar uma campanha de roubo cibernétic­o.

Falta de regras. O relatório apresentad­o à comissão do Congresso descreve um sistema de compras fragmentad­o e uma falta de regras claras quanto à avaliação dos riscos externos. Fornecedor­es de computador­es, roteadores, software e impressora­s para o governo, como Hewlett-Packard, Dell, Cisco, Unisys, Microsoft e Intel dependem das fábricas chinesas para grande parte dos seus componente­s.

Segundo o relatório, dados disponívei­s mostram que 51% das peças enviadas para essas empresas são originária­s da China. A Microsoft utiliza 73% de componente­s chineses, diz o relatório.

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DAMIR SAGOLJ/REUTERS – 27/4/2018 Avanço tecnológic­o. Tática de reconhecim­ento facial é exposta na Conferênci­a Global Mobile Internet em Pequim

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