O Estado de S. Paulo

Canudo preso em tartaruga expôs problema

- RIO / R.J.

Na guerra mundial contra o plástico, o canudinho conquistou rapidament­e o posto de maior vilão quando um vídeo gravado em 2015, no litoral da Costa Rica, viralizou na internet. São minutos de agonia até que ambientali­stas conseguem retirar um canudo preso na narina de uma tartaruga marinha.

Estima-se que somente os americanos usem – e descartem – 500 milhões de canudos plásticos por dia. Cada um leva pelo menos 500 anos para se decompor na natureza. No EUA, várias cadeias de fast-food anunciaram o banimento dos canudos. O Brasil não dispõe de estatístic­a semelhante, mas especialis­tas relatam que o uso também é bem alto por aqui.

Estudo feito este ano pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) na praia de Copacabana revelou uma grande quantidade de canudos plásticos descartado­s na areia. A análise foi feita com o lixo coletado entre os Postos 5 e 6, num trecho de um quilômetro da praia, no dia 3 de março.

O trabalho revelou que o plástico foi o componente de maior incidência (24,5%) do lixo praiano. Lá estavam garrafas PET, copos de guaraná natural e mate e, para surpresa dos pesquisado­res, os canudos. Eles eram 8,9% do total de plástico ou 3% de todo o lixo retirado no trecho.

“Infelizmen­te, a gente ainda não percebe uma mudança significat­iva do comportame­nto da população na praia”, constatou o presidente da Comlurb, Tarquímio de Almeida, que trabalha há 40 anos na companhia. “A única alteração que vemos é o aumento da quantidade de lixo nos meses mais quentes e uma redução nos mais frios.”

O estudo feito na praia de Copacabana revelou ainda outro dado preocupant­e. Do total de plástico retirado das areias, 4,15% eram pequenas embalagens plásticas, conhecidas como pinos, usadas para embalar cocaína. Segundo especialis­tas, um indicativo claro de que a praia vem sendo usada como refúgio para o uso da droga.

“Foram mais de 200 encontrada­s em apenas um quilômetro de praia”, revelou a gerente do Centro de Pesquisas da Comlurb, Bianca Quintaes.

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