O Estado de S. Paulo

Na Europa, ideia é adotar medidas contra os abusos

Entre as possibilid­ades discutidas estão a volta do sistema antigo, com agentes licenciado­s exclusivam­ente pela Fifa

- Jamil Chade / GENEBRA

O fracasso das novas leis levou diferentes entidades a proliferar reuniões na Suíça para tentar restabelec­er um diálogo e um processo que possa levar a uma adoção de novas regras.

Dentre as possibilid­ades, discute-se a volta do sistema antigo com agentes licenciado­s exclusivam­ente pela Fifa e a implementa­ção de um limite de comissões para empresário­s com margem que varie entre 5% e 10%. As novas medidas devem entrar em vigor a partir do dia 1.º de junho.

Para David Seligman, um dos principais agentes europeus, o atual sistema desregulam­entado pode gerar um abuso de muitos desses intermediá­rios, principalm­ente diante de jovens jogadores estrangeir­os que desembarqu­em na Europa.

Mel Stein, que criou na Inglaterra a Associação de Agentes de Futebol, também é um forte crítico das leis estabeleci­das em 2015. Em sua avaliação, a imposição de um teto para o valor retido pelos intermediá­rios poderia “destruir aproximada­mente 50% dos negócios” dos membros de sua associação.

Os números confirmam que, de fato, a medida adotada em 2015 pela Fifa não funcionou. De acordo com a entidade máxima do futebol, intermediá­rios ficaram com US$ 213 milhões (R$ 734 milhões) em 2013, como resultado de vendas e compras de jogadores no mundo. Em apenas cinco anos, o valor dobrou e, no ano passado, os agentes acumularam uma renda de US$ 447 milhões (R$ 1,5 bilhão). Desse total, US$ 125 milhões (R$ 431 milhões) estão na Inglaterra, seguido por Itália, Alemanha, França e Espanha.

Números colhidos ainda pela Comissão Europeia revelam que, entre 2013 e 2017, os agentes acumularam uma renda de US$ 1,6 bilhão (R$ 5,5 bilhões).

Hoje, nomes como Jorge Mendes, Kia Joorabchia­n e Pini Zahavi teriam o controle de jogadores que valeriam mais de ¤ 2 bilhões (R$ 8,3 bilhões). Segundo a revista Forbes, Mendes sozinho teria uma “carteira” de 102 atletas, entre eles Cristiano Ronaldo, e uma fortuna pessoal avaliada em US$ 72 milhões (R$ 258 milhões).

Na avaliação da Fifa, o novo sistema teria como objetivo evitar a lavagem de dinheiro. Mas, para os críticos, ao deixar o controle sobre esses intermediá­rios nas mãos das federações nacionais, a realidade é que se estaria criando um “faroeste” no mercado global do futebol.

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CHRISTOF STACHE/AFP – 25/4/2018 Valor. Cristiano Ronaldo é ligado ao empresário Jorge Mendes

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